O Presidente são-tomense afirmou esta sexta-feira que a população do seu país vive um dos períodos mais difíceis da sua existência e continua a lutar pela independência económica, mas pediu “esperança e otimismo” no futuro.
“A nossa independência política ou jurídica, nascida total e completa há 49 anos, logrou derrubar de forma irreversível o jugo colonialista e outorgar a São Tomé e Príncipe a condição de país independente e soberano. No entanto, volvidos todos esses anos, continuamos a lutar pela nossa independência económica, que tarda a chegar, com todas as consequências que isto acarreta para as nossas populações, sobretudo para as camadas mais desfavorecidas“, afirmou Carlos Vila Nova.
No seu discurso no ato central que assinalou os 49 anos da independência de São Tomé e Príncipe, que este ano teve lugar na ilha do Príncipe, o chefe de Estado são-tomense destacou a conquista da liberdade como “bem jurídico, fundamental, intrínseco à dignidade humana”, mas admitiu que os são-tomenses continuam “subjugados por grandes males, mostrando-se ainda longínquo e difícil de alcançar o futuro” com que sonharam em 12 de julho de 1975.
Enquanto o país se debate com uma conjuntura económica caracterizada por grande desequilíbrio, baixo crescimento, alta inflação, escassez de divisas, endividamento excessivo, dificuldades de negociação com as instituições de Bretton Woods, nomeadamente com FMI [Fundo Monetário Internacional], que tem criado ainda mais pressão sobre a economia, a população são-tomense vive um período que pode ser caracterizado, sem exageros, como um dos mais difíceis da sua existência“, disse o chefe de Estado.
Carlos Vila Nova admitiu que o mundo vive “tempos difíceis e complexos”, marcados ainda pelos impactos da pandemia da covid-19, guerras do leste europeu e outras situações que, associadas às fragilidades internas do país, “têm acarretado para a maioria da população são-tomense enormes desafios, dificuldades significativas na sua luta quotidiana, em busca do bem-estar face ao aumento exponencial do custo de vida e às dificuldades a isso associadas”.
O Presidente são-tomense manifestou “profundo apreço” ao povo “pela sua resiliência e pela força demonstrada face à adversidade, tentando sempre superar os obstáculos”.
Apesar das dificuldades e para além delas, não podemos esmorecer. Apesar das dificuldades e para além delas, temos de continuar a acreditar que havemos de descortinar o caminho que conduzirá o nosso país ao desenvolvimento por que tanto ansiamos e que tanto tem sido adiado: a melhoria das condições económicas, habitacionais, sanitárias, educacionais, ambientais e a melhor justiça para o nosso povo”, apelou o chefe de Estado são-tomense.
“Não estamos onde queremos estar. Não podemos negar as dificuldades com que [nos] temos debatido. Retiram visibilidade a ganhos significativos, como são a instauração da democracia, a redução significativa das taxas de mortalidade materna e infantil ou o exponencial aumento da taxa de alfabetização”, acrescentou.
No entanto, Carlos Vila Nova sublinhou que “desistir não é uma alternativa” e que é preciso continuar a acreditar e perspetivar o futuro a partir dos 50 anos da independência do arquipélago que serão comemorados no próximo ano.
“Hoje apelo a que, com renovada esperança e otimismo, coragem e determinação, nos concentremos nesse futuro, um futuro de paz, de união, de harmonia, de concórdia, de diálogo, de consensos, de tolerância, de compaixão, de humildade e de muita solidariedade, um futuro de justiça, de cuidado e de prosperidade, de oportunidades para todos, enfim, um futuro de conquistas”, disse Carlos Vila Nova.
O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, é o único chefe de Estado entre dezenas de convidados que participaram no ato central da independência de São Tomé e Príncipe.
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