A Galp Energia decidiu abandonar o negócio de exploração de gás natural em Moçambique, vendendo a sua participação de 10% no consórcio que está a explorar a Área 4 da bacia de Rovuma, na região Norte do país. O comprador será a petrolífera ADNOC, dos Emirados Árabes Unidos.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Galp revela que a venda dos seus ativos de upstream (exploração e produção) em Moçambique foi acordada por cerca de 650 milhões de dólares, o equivalente a quase 600 milhões de euros ao câmbio atual.
O encaixe da Galp poderá ser maior em função de o consórcio tomar decisões finais de investimento nas componentes do projeto de Rovuma que ainda estão por decidir. Se o consórcio avançar com o projeto Coral Norte a Galp terá direito a mais 100 milhões de dólares e se avançar com o projeto em terra Rovuma LNG a petrolífera portuguesa receberá outros 400 milhões de dólares.
A Galp explica que esta decisão de venda dos 10% que tem no consórcio explorador da Área 4 se deve à sua “estratégia disciplinada de investimento”, permitindo ao grupo não se comprometer com investimento adicional em Moçambique, num momento em que tem também encargos noutras geografias relevantes, como o Brasil e a Namíbia.
No comunicado à CMVM a Galp indica que a venda à ADNOC está sujeita à obtenção de autorizações, mas deverá ser concluída ainda este ano.
A Galp tinha iniciado os investimentos na área upstream em Moçambique em 2007, assinando um acordo com a italiana Eni e a moçambicana ENH para a exploração da Área 4, com profundidades de água que chegam aos 2600 metros.
Com uma área superior a 13 mil metros quadrados, o projeto do consórcio no qual a Galp participava é um dos mais promissores do mundo na produção de gás natural.
A Galp mantinha até agora uma posição de 10%. Participações semelhantes têm a ENH e a sul-coreana Kogas. Os restantes 70% pertencem à Mozambique Rovuma Venture, uma sociedade detida pela Eni, pela ExxonMobil e pela China National Petroleum Corporation.
O projeto de Rovuma teve uma primeira decisão de investimento em 2017, respeitante a uma plataforma flutuante de liquefação de gás natural (Coral Sul), cujo investimento total foi então estimado em 7 mil milhões de dólares, tendo a produção arrancado em 2022. A produção de Coral Sul foi adquirida, logo no final de 2016, pelo grupo BP, com um contrato de 20 anos.
Adicionalmente, o consórcio pretende desenvolver um outro projeto de extração e liquefação de gás natural no mar na Área 4 (Coral Norte) e ainda uma infraestrutura em terra (Rovuma LNG).
Moçambique era uma das geografias promissoras para o negócio da Galp, mas a empresa tem também compromissos de investimento relevantes noutros mercados, principalmente o Brasil, com vários projetos de exploração de petróleo em curso.
Adicionalmente, a recente descoberta petrolífera na Namíbia também irá requerer investimento adicional da Galp, que tem em curso um processo para vender parte da sua participação de 80% no consórcio que fez a descoberta, a qual em abril catapultou as ações da Galp para um máximo histórico.
No primeiro trimestre deste ano a Galp obteve um lucro de 337 milhões de euros, mais 35% que em igual período do ano passado. A dívida líquida ascendia a 1,4 mil milhões de euros, o equivalente a 0,4 vezes o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) do grupo.
Notícia atualizada às 7h49 com mais informação.
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