Sem receio de qualquer tipo de polémica, Abel Chivukuvuku antevê que, em 2027, o PRA JÁ-Servir Angola poderá “ser Governo” ou fará parte dele. Esta é uma das ambições do líder do recém legalizado partido angolano. “Estamos a trabalhar e a lutar para isso”, afirmou Chivukuvuku em Lisboa, onde inaugurou, este sábado (01.03), a primeira sede do partido no exterior do país.
A inauguração do escritório da representação do PRA Já-Servir Angola, que se encontra num edifício emblemático da Avenida 5 de Outubro na capital portuguesa, tem a sua razão de ser, segundo explicou Chivukuvuku. Portugal é um dos países na Europa onde se concentra a maior comunidade angolana no exterior.
Por reconhecer isso, “decidimos estar próximos dos angolanos. Muitos deles não vieram aqui porque quiseram”, disse Chivukuvuku, em entrevista à DW África, pouco depois da inauguração, acompanhado, entre alguns militantes, do vice-presidente para a área política Xavier Jaime Manuel e do representante do partido em Portugal Isaias Sambangala.
De acordo com o líder do partido, os angolanos vieram para Portugal viver “porque as circunstâncias sociais do país [de origem] os forçaram” a isso.
“Grande parte dos angolanos que estão aqui em Portugal foi forçada a vir por causa das dificuldades da vida em Angola”, reforçou.
No encontro com a comunidade angolana, na tarde de sábado num hotel de Lisboa, Chivukuvuku pediu aos conterrâneos na diáspora para acreditarem e terem fé no futuro.
“Um dia teremos um Governo patriótico, sensível à vida das pessoas”, perspetivou o político, que quer contar com a participação de todos. “Vamos encorajar [os angolanos] a adquirirem conhecimentos enquanto estão aqui para depois virem contribuir [para o desenvolvimento de] Angola”, disse também esperançoso.
Plano de expansão
O PRA JÁ-Servir Angola, legalizado no ano passado, está implantado em todo o território angolano, segundo o seu líder.
“E até é interessante que somos a força política que mais se adiantou na instalação das suas estruturas nas novas províncias, como Icolo e Bengo, Moxico Leste e Cuando Cubango.
Por outro lado, confirmou que a inauguração da sede em Lisboa faz parte de um “plano amplo” que contempla vários outros países.
“Nós temos representantes em muitos países da Europa. Vamos estudar em função do fator demográfico”, explicitou, referindo que a atenção do partido vai centrar-se nos países onde “há muitos angolanos”. Entre os países, citou Alemanha, França, Holanda, Brasil, assim como a África do Sul.
Negação da História
Abel Chivukuvuku aproveitou a oportunidade para dizer também que, em 50 anos de independência, Angola está ainda confrontada com o problema da negação da sua História.
“Temos dificuldades de reconhecer que Holden Roberto e Jonas Savimbi lutaram pela independência. Acham que foi só Agostinho Neto”, lamentou, avisando que tal posicionamento por parte do partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), não é correto.
“É por isso que nós, PRA JÁ-Servir Angola, estamos a procurar nos agigantarmos para contribuirmos positivamente para o futuro do nosso país”, afirmou, assumindo ser este um dos desafios de 2027, ano em que se realizam eleições gerais no país.
Em 2025, Angola assinala o quinquagésimo aniversário da independência nacional, proclamada a 11 de novembro de 1975 por António Agostinho Neto, primeiro Presidente da República. É um “marco importantíssimo”, segundo Chivukuvuku, porque “trouxe soberania” aos angolanos.
No entanto, constatou o político, ainda existem “muitos problemas”. Passados 50 anos após a proclamação da independência, “ainda temos fome em Angola”, acrescentou, lembrando que o país enfrenta muitos desafios no plano social face ao elevado índice de pobreza. “Estamos numa situação em que a classe média está quase em extinção”, admitiu.
Abel Chivukuvuku veio a Portugal trazer uma mensagem de esperança aos angolanos no exterior.
E as próximas eleições?
Confrontado pela DW, preferiu não avançar detalhes sobre a estratégia do partido para as próximas eleições presidenciais, legislativas e autárquicas em Angola.
“[Para já], não se fala de detalhes, o mais importante é a proximidade com o cidadão, representar as expetativas e transmitir fé ao cidadão”, defendeu, sem pormenorizar.
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