Com Orsi, esquerda volta ao poder no Uruguai

Imagem: O presidente e a vice Carolina Cosse na Praça da Independência – (crédito: AFP)

Herdeiro político de José “Pepe” Mujica, Yamandú Orsi tomou posse, no último sábado (1º/3), como 43º presidente do Uruguai, no mesmo dia em que o país celebra quatro décadas de democracia ininterrupta. A ascensão de Orsi marca o retorno da esquerda ao poder, após cinco anos de um governo de Luis Lacalle Pou, político de centro-direita. “A boa saúde da democracia está intimamente ligada à conquista de certos padrões de bem-estar”, disse Orsi, em seu primeiro discurso, após jurar lealdade à Constituição, no Palácio Legislativo, em Montevidéu.

O novo presidente agradeceu aos seus antecessores e prometeu “não ignorar as regras de funcionamento da economia que o Uruguai mantém desde o retorno da democracia”. Ele disse ainda que vai lutar contra o crime abordando as suas causas e “formular estratégias de desenvolvimento com um foco sustentável e humano”.

Orsi é o nono presidente desde 1985, quando chegou ao fim uma ditadura de 13 anos, que deixou cerca de 200 presos ou desaparecidos. “Há sequelas desse período até hoje, por isso é tão justo quanto imprescindível manter intacto o compromisso com a liberdade, verdade e justiça”, disse.

Aos 89 anos e sofrendo de um câncer irreversível, Pepe Mujica assistiu à posse do pupilo, ao lado dos também ex-presidentes Luis Alberto Lacalle Herrera (1990-1995) e Julio Sanguinetti (1985-1990). Delegados de mais de 60 países, entre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o rei Felipe VI da Espanha, também prestigiaram a cerimônia.

Após o discurso no Parlamento, o novo presidente seguiu com sua vice, Carolina Cosse, para a Praça Independência. Em quase dois séculos de Uruguai independente, Orsi é o terceiro presidente de esquerda — antes dele, ocuparam o cargo o ex-guerrilheiro Mujica (2010-2015), e o falecido oncologista Tabaré
Vázquez (2005-2010 e 2015-2020).

Ao contrário deles, Orsi terá que lidar com um Parlamento dividido: seu partido, a Frente Ampla, controla apenas o Senado, enquanto políticos antissistema são maioria na Câmara dos Deputados.

No campo econômico, o governo terá que aumentar o crescimento, estimado pelo FMI em 3% para este ano, e, ao mesmo tempo, atender às demandas sociais sem elevar ainda mais o déficit fiscal, que fechou 2024 em -4,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Há, ainda, o grande desafio de combater a criminalidade, em boa parte ligada ao tráfico de drogas. Uma pesquisa da Equipos Consultores indica que a insegurança é a principal preocupação dos uruguaios (37%), seguida de longe pelo desemprego (17%).

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