Comprar ou arrendar casa em Portugal requer maior esforço no 2º trimestre — idealista/news

Em Portugal, os preços das casas e as rendas continuam a subir, embora de forma mais lenta. Mas este crescimento continua a ser superior ao do salário das famílias. É por isso que a percentagem do rendimento familiar necessária para comprar ou arrendar casa voltou a subir no último ano na maioria das capitais de distrito do país, revela a análise do idealista. Em concreto, a taxa de esforço no arrendamento aumentou 5 pontos percentuais (p.p.), passando de 77% no segundo trimestre de 2023 a 82% no segundo trimestre de 2024. Já na compra de casa, a taxa de esforço nacional aumentou 4 p.p., passando de 66% para 70% em junho deste ano.

Arrendar casa: esforço aumenta em 13 grandes cidades

Das 20 cidades analisadas (e com amostras representativas), foi em Portalegre onde a taxa de esforço para arrendar uma casa mais aumentou no último ano, passando de 30% no segundo trimestre de 2023 para 40% no mesmo período de 2024 (+10 p.p). Entre os maiores aumentos das taxas de esforço para arrendar casa no último ano está ainda Ponta Delgada (9 p.p.), Vila Real (8 p.p), Setúbal (8 p.p.), Viana do Castelo (8 p.p.) e Santarém (7 p.p.). Seguem-se Viseu (3 p.p.), Coimbra (2 p.p.), Lisboa (2 p.p.), Leiria (2 p.p.), Faro (2 p.p.), Bragança (1 p.p.) e Porto (1 p.p.).

Já em Évora a taxa de esforço no arrendamento não variou durante este período. Por outro lado, a taxa de esforço diminuiu em Beja (-8 p.p.), Funchal (-5 p.p.), Guarda (-5 p.p.), Braga (-3 p.p.), Aveiro (-2 p.p.) e Castelo Branco (-2 p.p.).

Lisboa e Funchal são as cidades que requerem o maior esforço por parte das famílias para arrendar uma casa, sendo necessário destinar 86% dos rendimentos para pagar a renda, em ambas cidades. A lista de maiores taxas de esforço no arrendamento residencial segue com Porto (72%), Faro (70%), Setúbal (61%), Ponta Delgada (60%), Viana do Castelo (58%), Santarém (55%), Braga (53%), Évora (52%), Aveiro (51%), Leiria (48%), Coimbra (44%), Viseu (43%) e Beja (43%).

Já as cidades onde as rendas da casa pesam menos nos rendimentos familiares são Guarda (30%), Castelo Branco (34%), Vila Real (38%), Bragança (39%) e Portalegre (40%). De referir que todas as capitais de distrito, com a exceção da Guarda, apresentaram taxas de esforço superiores ao recomendado, de 33%.

Comprar casa em Lisboa requer maior esforço – mas no Porto há alívio

A percentagem de rendimentos que as famílias devem destinar para comprar uma casa aumentou em 12 capitais de distrito, entre as 20 analisadas. Foi no Funchal onde a taxa de esforço mais aumentou, passando de 96% a 108%, originando um aumento de 12 p.p. A taxa de esforço na compra de casa também aumentou em Leiria (11 p.p.), Bragança (8 p.p.), Lisboa (7 p.p.), Portalegre (7 p.p.) e Ponta Delgada (7 p.p.).  As cidades onde a taxa menos cresceu entre estes dois momentos foram Braga (6 p.p.), Viseu (4 p.p.), Setúbal (4 p.p.), Beja (2 p.p.), Faro (2 p.p.) e Castelo Branco (1 p.p.).

Já em Santarém a taxa de esforço na compra de casa não variou durante este período. Por outro lado, houve um alívio no esforço na aquisição de habitação em Viana do Castelo (-6 p.p.), Évora (-4 p.p.), Coimbra (-3 p.p.), Vila Real (-2 p.p.), Porto (-1 p.p.), Guarda (-1 p.p.) e Aveiro (-1 p.p.).

No segundo trimestre do ano, a cidade com a maior taxa de esforço para comprar casa foi o Funchal (108%), seguida por Lisboa (104%) e Faro (104%).  Isto quer dizer que o rendimento líquido médio das famílias não chega para pagar um crédito habitação, que segue características médias em termos de duração e taxa de juro

O peso da prestação da casa nos salários também é significativo no Porto (76%), Aveiro (69%), Ponta Delgada (62%), Braga (61%), Leiria (56%), Viana do Castelo (54%), Viseu (51%), Setúbal (48%), Coimbra (46%), Évora (46%) e Vila Real (40%).

Por outro lado, verifica-se que há seis capitais de distrito onde é possível comprar casa com uma taxa de esforço inferior à recomendada de 33% (em que a prestação da casa pesa menos de um terço do rendimento disponível da família): Bragança (32%), Santarém (31%), Portalegre (24%), Beja (23%), Castelo Branco (21%) e Guarda (16%).

Metodologia

A taxa de esforço é um indicador que mede o impacto do custo da habitação no poder de compra do agregado familiar. No caso do arrendamento, calcula-se a taxa de esforço como a percentagem anual do rendimento líquido médio do agregado familiar destinada ao pagamento do arrendamento de uma casa. Os valores de arrendamento são obtidos diretamente da fonte de dados do idealista, que disponibiliza preços para cada cidade. Por sua vez, os dados do rendimento líquido familiar são fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

No caso da compra de habitação, a taxa de esforço é calculada como a percentagem anual do rendimento líquido do agregado familiar destinada ao pagamento de um crédito habitação que segue características médias em termos de duração e taxa de juro. Recentemente, devido à descida nas taxas de juro, procedeu-se a uma atualização do cálculo com base nos dados publicados pelo Banco Central Europeu (BCE).

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