Zé Ibarra estreia novo show em Portugal com músicas inéditas e banda completa | Lazer

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O músico brasileiro Zé Ibarra está de volta a Portugal para uma série de apresentações inéditas, que marcam a estreia ao vivo do seu novo disco — ainda sem nome divulgado — e que será lançado oficialmente em junho. A turnê, que passa por Lisboa, Guarda, Porto, Aveiro e Coimbra, propõe uma experiência diferente da que o público português já conheceu em shows anteriores do artista. Agora, acompanhado por uma banda com quatro músicos, Zé Ibarra apresenta ao público uma faceta mais energética e madura de sua produção artística.

“Estava cansado de ir para Portugal sozinho, só com voz e violão. Eu gosto desse formato, mas prefiro realizar o ritual com outras pessoas”, conta o cantor em entrevista ao PÚBLICO Brasil. A nova formação inclui bateria, baixo, guitarra, teclado e o próprio Zé no violão. “Vai ser sonzeira”, promete. Para ele, a ideia de tocar músicas inéditas ao vivo, antes mesmo do lançamento oficial, também foi um impulso criativo. “Fiquei com essa curiosidade e vontade. Nunca tinha feito isso, achei que pudesse ser interessante para o público.”

Ainda que o repertório inclua canções esperadas do primeiro disco solo, Marquês 256, o foco está em explorar o novo trabalho, que tem um pé no rock e no pop com influências de jazz. “Esse disco é estranho. E isso é uma qualidade”, diz. Em tom introspectivo, Zé fala sobre uma virada de chave na sua trajetória: “Acho que agora estou indo para um lugar mais terreno. Saio do céu e pouso na Terra. Quero falar sobre temas mais mundanos, sobre relações, sobre desejo. É um disco mais carnal, digamos assim.”

Mais swing

Acompanhado de músicos que definem o pulso do espetáculo, o cantor diz que sua obsessão está no ritmo. “Sou apaixonado por bateria e baixo. Esses caras são tudo na minha vida”, afirma. As referências passam por Jorge Ben, Gilberto Gil e pela banda carioca Black Rio, misturando soul, MPB, jazz e sonoridades afro-brasileiras. “É um show com ritmo o tempo todo. E cada vez mais tenho interesse no canto rítmico, no swing, no corpo da música.”

Com 28 anos e uma trajetória precoce, Zé Ibarra carrega uma lista de colaborações marcantes: foi vocalista da Banda Dônica, do fenômeno Bala Desejo, acompanhou Milton Nascimento na turnê de despedida e já gravou com nomes como Ney Matogrosso, Gal Costa e Silvia Pérez Cruz. “Tudo é acumulação. Nada na vida se reseta. O Milton já era parte de mim antes de eu tocar com ele. Depois, mais ainda. Minhas novas músicas são mineiras. E a música mineira tem essa aura misteriosa, dramática, que me atravessa”, revela.

Rasgar a voz

Em palco, o artista quer abandonar a busca pela perfeição técnica. “Cansei do anjo que canta bem. Agora quero gritar um pouco, rasgar a voz”, diz. Para isso, vai dispensar o uso do in-ear monitor, que isola o som no ouvido do cantor. “Quero estar ali, perto da banda, sentindo tudo junto, deixando a coisa acontecer com mais impulso.”

Compositor prolífico, Zé Ibarra não esconde que já pensa no disco seguinte. “Este álbum que vou lançar já é, na minha cabeça, o penúltimo. O próximo ainda vai ser mais sozinho, mais íntimo. Quero descobrir uma sonoridade minha, que me desafie. Tenho pressa em experimentar, em me reinventar.” Apesar da inquietação, o artista trata a nova fase com serenidade e maturidade artística: “Cada show é uma construção emocional. Nunca é só sobre música. É sobre o que a gente sente quando está ali com as pessoas, compartilhando aquele momento”.

Além da experimentação musical, a nova fase também marca uma mudança de postura no palco. “Estou num momento em que quero me soltar mais. Me permitir errar, me permitir ser mais cru, mais humano. Perfeição não é meu objetivo agora. É mais sobre presença, sobre entrega”, afirma. Para quem acompanha a carreira desde os tempos de Dônica, passando pelo fenômeno da Bala Desejo, até as apresentações ao lado de ícones da música brasileira, o atual Zé Ibarra traz camadas novas — sem abandonar o lirismo, mas com os pés mais fincados no chão.

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