Vida na Venezuela é “segura”, mas ir ao supermercado “às vezes até fica mais caro” do que em Portugal
Além Fronteiras
Olhanense, Alverca, Farense e Belenenses foram algum dos emblemas que Vasco Faísca orientou antes de se mudar de malas e bagagens para o jovem clube venezuelano Academia Puerto Cabello. Em conversa com o Além Fronteiras, o técnico de 44 anos mostra-se surpreendido, pela positiva, com o que encontrou no país onde a presença portuguesa é notória.
Num país onde o “movimento futebolístico precisa de crescer um pouco”, Vasco Faísca, treinador português de 44 anos, deparou-se com um campeonato “competitivo” e umas condições de trabalho “excecionais”. Agora ao leme do Academia Puerto Cabello, o antigo futebolista mostra-se satisfeito com a nova vida, mas nem tudo é positivo, revela o técnico ao Além Fronteiras.
A Venezuela não é um destino habitual para os treinadores portugueses e, por isso, Vasco Faísca assume que não esperava um convite para se mudar para a nação sul-americana.
Diz mesmo que nunca foi um objetivo treinar um emblema venezuelano, mas acabou por aceitar “pelo desafio que é” e porque o clube que integra, o Academia Puerto Cabello, “tem umas condições de trabalho excecionais”.
Antes de rumar ao outro lado do Atlântico, e tendo em conta a ideia generalizada de que a Venezuela “é um país perigoso”, confessa que estava receoso com aquilo que poderia encontrar, contudo, agora, diz com certeza que leva uma “vida muito tranquila e muito segura”.
Em relação ao que o fez sair de Portugal, o futebol, o técnico relata que o campeonato venezuelano é “muito competitivo e muito equilibrado”.
A comida e o “clima espetacular”
Ainda assim, revela que “todo o movimento futebolístico precisa de crescer um pouco” no país, apesar de apontar que os ventos de mudança já se fazem sentir:
“Nota-se que as equipas estão a tentar, os próprios clubes, a própria Liga, há vontade de evoluir a todos os níveis, mas parece-me a mim que no aspeto mais que diz respeito ao treinador há alguns aspetos táticos onde, de facto, a grande maioria dos jogadores precisa de crescer.”
A cidade que agora chama de casa, Puerto Cabello, encontra-se à beira-mar e “é o maior porto comercial da Venezuela”, conta o treinador, que garante que esta “é uma cidade importante”, mas que não tem cultura futebolística porque o clube local tem apenas 12 anos de existência.
Quanto à comida venezuelana, aponta semelhanças com a gastronomia brasileira, e, por essa razão, afirma estar a adaptar-se facilmente. Outras características positivas da Venezuela que destaca é o “clima espetacular” e a “água quentinha” do mar.
A Venezuela é, por tradição, um país com bastante presença portuguesa. Presença essa que o técnico já pôde constatar:
“Temos aqui uma igreja que se chama Igreja de Nossa Senhora de Fátima, portanto foi fundada pelos portugueses que para aqui vieram. Já houve até alguns convites da parte deles [dos portugueses] para convivermos juntos.”
“Preços são semelhantes a Portugal”
É natural associar a Venezuela a problemas políticos e sociais, mas Vasco Faísca assegura que, atualmente, o “país vive um período tranquilo”, embora em tempos tenha havido “períodos muito difíceis em que havia escassez de alimentos”.
Agora, escassez de alimentos não é um problema do quotidiano, mas o ex-jogador conta que ficou surpreendido quando se deslocou ao supermercado pela primeira vez.
“A única coisa que nos surpreendeu, um bocadinho pela negativa, é que esperávamos preços um bocadinho mais baratos, tendo em conta que também aqui os ordenados médios são muito mais baixos que em Portugal, e os preços são semelhantes a Portugal, e às vezes até um bocadinho mais caros”, lamenta.
Atualmente, o Academia Puerto Cabello ocupa a quinta posição do campeonato venezuelano a seis pontos do primeiro lugar. Será que o treinador luso vai conseguir guiar o jovem clube ao primeiro título de campeão da sua história? Vasco Faísca está convicto de que sim até porque ainda há muito para jogar.
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