A Venezuela perdeu, em 2024, o seu último glaciar, o Humboldt, convertendo-se no segundo país do mundo, depois da Eslovénia, que perdeu todos os seus glaciares, segundo um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
A confirmação da perda do Humboldt foi revelada no relatório Estado do Clima na América Latina e Caraíbas em 2024, divulgado na sexta-feira, e que inclui imagens de satélite do Observatório da Terra da NASA que mostram o desaparecimento do glaciar venezuelano, entre abril de 2015 e maio de 2024.
“Glaciares moribundos, furacões excecionais, incêndios florestais sem precedentes, secas extenuantes e inundações mortais deixaram uma marca profunda no tecido socioeconómico da América Latina e das Caraíbas em 2024, porque mesmo muito depois de terem desaparecido das manchetes, continuaram a causar estragos”, explica o documento.
Segundo a OMM 2024 “foi o ano mais quente, ou o segundo mais quente de que há registo, em função do conjunto de dados utilizados” na região.
“Destacam-se os efeitos sobre os glaciares, que foram uma das vítimas mais visíveis do aumento das temperaturas. Com o desaparecimento do Humboldt, o seu último glaciar, a República Bolivariana da Venezuela tornou-se o segundo país do mundo a perder todos os seus glaciares”, explica.
Segundo a imprensa venezuelana, no século XX, a Venezuela tinha seis glaciares na Sierra Nevada de Mérida (500 km a sudoeste de Caracas): La Corona (Humboldt), La Concha, El Espejo, Timoncito, El León e Los Zerpa.
Situado no Pico Humboldt (4.940 metros acima do nível do mar), o glaciar Humboldt, também conhecido pelo nome de La Corona, viu a sua dimensão reduzia a menos de 0.1 km², em 2011.
Em 2024, o glaciar Conejeras, na Serra Nevada colombiana, e o glaciar Martial Sur, na parte argentina da Ilha da Terra do Fogo, também foram “declarados extintos”.
O relatório adverte que 5.500 glaciares andinos “perderam 25% da sua cobertura de gelo desde o final do século XIX” e que “o ritmo a que os glaciares tropicais estão a derreter é dez vezes superior ao ritmo médio mundial”.
Citada no relatório, Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, explica que “em 2024, os efeitos dos fenómenos meteorológicos e climáticos propagaram-se dos Andes à Amazónia, das cidades populosas às comunidades costeiras, causando grandes perturbações económicas e ambientais. A seca e o calor extremo alimentaram incêndios florestais devastadores”.
“A precipitação excecional causou inundações sem precedentes e formou-se o furacão de categoria 5 mais antigo alguma vez registado”, explica.
“Mas também há esperança. Os alertas precoces e os serviços climáticos dos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais estão a salvar vidas e a criar resiliência em toda a América Latina e nas Caraíbas. O trabalho da comunidade da OMM e de todos os nossos parceiros é mais importante do que nunca para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades”, explica Celeste Saulo.
Segundo a OMM Outro motivo de esperança num relatório que, mais uma vez, apresenta uma realidade devastadora foi o papel crescente das energias renováveis, que representaram quase 69% da matriz energética da região.
“As energias solar e eólica registaram um aumento notável de 30 % em termos de capacidade e produção em relação a 2023”, explica.
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