Há muitos anos, o futebol brasileiro está consolidado como um destino natural de talentos das mais diversas regiões da América do Sul. Não é incomum ver, por exemplo, craques argentinos, uruguaios e colombianos empregados nos clubes nacionais. No entanto, um novo país está ganhando tradição na importação de pés de obra e faz uso da Libertadores para colocá-los na vitrine: a Venezuela. Uma das equipes locais com o talento dos vizinhos no elenco, o Botafogo, do meia Savarino, abre as portas do Estádio Nilton Santos, hoje, às 19h, para medir forças contra o Carabobo, um dos representantes da mais nova nação fornecedora de jogadores na competição continental.
Camisa 10 e um dos destaques do grupo responsável por fazer de 2024 o ano mais mágico da história do Glorioso, Savarino é o abre-alas do grupo de sete venezuelanos inscritos nos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Além do alvinegro, a lista conta com Soteldo (Santos), José Martínez (Corinthians), Nahuel Ferraresi (São Paulo), Kervin Andrade (Fortaleza), Tomás Rincón (Santos) e Wilker Ángel (Juventude). Somente as peças do tricolor paulista e do cearense vão jogar a Libertadores neste ano. No entanto, a presença em solo brasileiro mostra como o país está abrindo portas para um vizinho antes pouco explorado no momento de pinçar talentos sul-americanos capazes, no mínimo, de compor elenco por aqui.
As portas antes fechadas para os venezuelanos em outros países do continente é evidenciada por um dado: somente dois atletas do país têm a Libertadores da América no currículo em 66 anos de história da competição continental. Antes de Savarino alcançar a Glória Eterna com o Botafogo, no ano passado, o meio-campista Alejandro Guerra levantou a taça do torneio vestindo a camisa do Atlético Nacional, da Colômbia, em 2016. O sucesso o fez desembarcar no futebol brasileiro no ano seguinte, quando vestiu a camisa do Palmeiras. O jogador ficou por três anos, antes de encerrar a carreira profissional.
Rival do Botafogo e líder da atual edição do Campeonato Venezuelano, o Carabobo é justamente o responsável por revelar Guerra ao continente. Soteldo e Tomás Rincón começaram no Zamora para, depois desembarcarem no país. Nahuel Ferraresi teve como primeiro clube o Deportivo Táchira, rival do Flamengo no Grupo C da Libertadores, enquanto Kelvin Andrade surgiu no Deportivo La Guaíra e Wilker Ángel passou pelo Trujillanos. José Martínez deu os chutes iniciais da carreira no Zulia, mesma equipe do botafoguense e ex-atleticano Savarino. Os frutos colhidos com o desempenho do camisa 10, inclusive, devem fazer o alvinegro ficar de olho em possíveis destaques do rival.
Nascido em Macaraibo, Savarino é, inclusive, o primeiro jogador da Venezuela a vestir a camisa do Botafogo. O meio-campista quebrou a mesma marca quando foi eleito para a Seleção do Brasileirão no prêmio Bola de Prata, da ESPN. De contrato renovado com o Glorioso até junho de 2028, o camisa 10 mira novos feitos. “Estou vivendo um momento incrível na minha vida. Ser campeão pelo Botafogo era um sonho desde que cheguei aqui. E essa vontade só foi crescendo conforme os jogos foram passando e a torcida nos apoiando em cada estádio que jogávamos. Ainda vamos em busca de mais. Esse time merece e irá buscar novas conquistas”, destacou.
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Embora estejam importando cada vez mais talentos para o futebol brasileiro, as equipes da Venezuela ainda são vistas como coadjuvantes em disputas da Libertadores. Inofensivo, o Carabobo não deu trabalho ao tradicional Estudiantes e foi derrotado na estreia, por 2 x 0. Entre os principais nomes, conta com o meia Carlos Ramos e o atacante Flabian Londoño, a grande esperança de gols do time. Porém, diante do Botafogo, a equipe também não deve ser páreo. Com a necessidade de ganhar para se recuperar do tropeço na estreia diante da LDU, o Glorioso aposta não apenas em Savarino. Com Igor Jesus suspenso, o alvinegro tem caminho livre para promover a estreia de Mastriani. O zagueiro Bastos e o volante Danilo Barbosa seguem machucados e não estarão à disposição do técnico Renato Paiva.
Danilo Queiroz
Repórter
Formado em Comunicação Social pela Universidade Católica de Brasília (UCB), está no Correio desde 2020. Cobriu presencialmente os Jogos Olímpicos de Paris-2024, a Copa América e finais de Libertadores, Recopa e Copa do Brasil
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