Venezuela ‘facilitou’ migração de membros de gangue para desestabilizar segurança dos EUA – Noticias R7
Documento aponta que ações do regime de Maduro contribuíram para a entrada de indivíduos ligados ao crime organizado no país
Internacional|Do R7
Autoridades dos Estados Unidos apontam que o regime de Nicolás Maduro adotou práticas que facilitaram a entrada de membros de organizações criminosas, como a gangue Tren de Aragua, em território americano. Segundo relatório do Departamento de Segurança Interna (DHS), ações como a liberação em massa de presos e a frouxidão no controle migratório contribuíram para que indivíduos com histórico criminal cruzassem as fronteiras, elevando os riscos à segurança pública, ainda que não haja indícios de uma atuação explícita visando atacar os EUA.
O documento do DHS, obtido via lei de acesso à informação, afirma que a gangue Tren de Aragua — originada na Venezuela e atualmente presente em vários países latino-americanos — aproveitou-se da ausência de controles rigorosos para expandir suas atividades. Embora o relatório reconheça que muitos migrantes não têm vínculos com o crime organizado, ele aponta que indivíduos com laços confirmados à TDA entraram nos Estados Unidos, onde têm sido associados a crimes pontuais em cidades como Nova York, Chicago e Miami.
Um trecho do memorando destaca que “a liberação de detentos em grande escala por parte do regime de Maduro, sem mecanismos de rastreamento eficazes, criou um ambiente propício para que membros de grupos criminosos deixassem o país e buscassem novas rotas de atuação no exterior”. Ainda segundo o relatório, essa liberação não parece ter ocorrido com o objetivo direto de desestabilizar os EUA, mas teve consequências indiretas nesse sentido.
Embora o memorando não confirme uma conspiração estatal para enviar criminosos aos Estados Unidos, ele afirma que “algumas autoridades venezuelanas toleraram ou mesmo facilitaram a saída desses indivíduos como forma de aliviar pressões internas no sistema penitenciário e reduzir tensões sociais no país”.
Oficiais de inteligência citados no relatório indicam que a TDA não possui uma estrutura centralizada, mas opera em células independentes que mantêm vínculos com atividades como tráfico de drogas, extorsão e crimes violentos.
A falta de uma liderança identificável torna mais difícil a aplicação de leis antiterrorismo ou mecanismos de designação formal como organização criminosa transnacional. “Trata-se de um grupo fluido, oportunista e adaptável, que se beneficia do caos, não necessariamente o provoca deliberadamente”, observou um analista do DHS que participou da elaboração do documento.
Ainda assim, autoridades americanas demonstraram preocupação com o que classificam como “riscos estratégicos” decorrentes da chegada desses indivíduos. O relatório recomenda maior cooperação internacional para rastreamento de migrantes com vínculos a organizações criminosas, especialmente na fronteira sul dos Estados Unidos.
Apesar do tom cauteloso do relatório, membros do Partido Republicano interpretaram o documento como uma confirmação das alegações feitas por Donald Trump durante sua campanha de 2024. Já especialistas em imigração e segurança questionam a generalização e alertam para o risco de criminalização indevida de comunidades migrantes inteiras com base em casos isolados.
Tren de Aragua
A gangue Tren de Aragua surgiu no início dos anos 2000 em um presídio no estado venezuelano de Aragua. Com o tempo, expandiu sua atuação para fora das prisões e para outros países, aproveitando a ausência de controle estatal e o colapso do sistema de justiça criminal na Venezuela. A organização se envolveu em uma série de atividades ilícitas, incluindo tráfico de drogas, contrabando, extorsão e tráfico humano, tornando-se uma das principais ameaças de segurança pública na América do Sul.
Durante a crise migratória venezuelana, que forçou mais de 7 milhões de pessoas a deixarem o país desde 2015, a TDA aproveitou rotas migratórias para expandir sua presença internacional. O relatório do DHS ressalta que, embora a grande maioria dos migrantes seja composta por civis em busca de segurança e melhores condições de vida, alguns membros da gangue se infiltraram nesses fluxos.
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