Segundo denúncia divulgada pela agência Reuters, empresas ligadas ao governo da Venezuela estão sendo acusadas de rebatizar embarques de petróleo como se fossem de origem brasileira, numa tentativa de burlar sanções internacionais impostas ao país sul-americano.
Vale mencionar que o esquema, que teria movimentado cerca de US$ 1 bilhão, envolve a manipulação da origem das cargas e práticas ilegais no transporte marítimo para facilitar o envio de petróleo a mercados como a China.
A manobra utiliza uma técnica conhecida como spoofing, que altera sinais de localização dos navios para ocultar a verdadeira procedência do petróleo. Além disso, as cargas são transferidas de um navio para outro em alto-mar, dificultando o rastreamento e permitindo que os documentos comerciais indiquem o Brasil como país de origem, apesar do produto ser venezuelano.
Sanções e restrições impulsionam práticas fraudulentas
A Venezuela, sob sanções econômicas impostas principalmente pelos Estados Unidos, enfrenta severas limitações para comercializar petróleo no mercado global. A PDVSA, estatal venezuelana do setor, está proibida de operar com o sistema financeiro dos EUA, o que restringe severamente suas rotas comerciais e acesso a crédito.
Mesmo com exceções temporárias, como a licença anteriormente concedida à Chevron, as restrições foram intensificadas, com a suspensão da licença no início de 2025.
Com isso, o país tem buscado alternativas, utilizando intermediários e novos mercados como China, Índia e Rússia. As sanções também levaram à adoção de métodos ilegais, como os denunciados recentemente, para continuar exportando petróleo e arrecadar recursos para o governo de Nicolás Maduro.
Brasil entra na rota do esquema da Venezuela
Vale mencionar que, até o momento, não há indícios de envolvimento direto do governo brasileiro ou de empresas nacionais. O nome do Brasil estaria sendo usado unicamente como fachada nos documentos de exportação para mascarar a origem venezuelana do petróleo.
Entretanto, as denúncias geram preocupação e podem aumentar a pressão sobre autoridades brasileiras para investigar possíveis falsificações de certificados de origem ou o uso indevido de registros comerciais.
A situação coloca o Brasil em um cenário delicado, uma vez que o uso de sua bandeira em operações fraudulentas compromete a integridade de seus controles aduaneiros.
Outro detalhe importante é que o uso do nome do Brasil no esquema também facilita o acesso das empresas envolvidas a financiamentos bancários mais vantajosos, uma vez que produtos de origem venezuelana enfrentam restrições financeiras severas devido às sanções internacionais.
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