Uruguai se despede de Pepe Mujica em último dia de velório aberto ao público

O velório do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, que acontece no Palácio Legislativo, em Montevidéu, será reaberto ao público nesta quinta-feira (15), às 10h. O tempo da cerimônia, que começou na manhã de quarta-feira (14), precisou ser prorrogado devido à grande procura do público, que enfrentou filas de até cinco horas para se despedir do político.

Além dos uruguaios, são esperadas autoridades internacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), amigo de longa data de Mujica, viajará nesta manhã para comparecer à cerimônia. Ele desembarcou em Brasília na quarta-feira (14), após uma viagem à Rússia e à China.

“Mujica combateu fervorosamente a ditadura que um dia existiu em seu país. Defendeu, como poucos, a democracia. E nunca deixou de militar pela justiça social e o fim de todas as desigualdades. Sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria de suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade para a América Latina”, disse Lula.

Segundo a organização do velório, ainda não há horário definido para o fim da cerimônia. Após o rito, o corpo de Mujica será cremado e as cinzas serão sepultadas na chácara onde ele morava, em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu. Antes de morrer, o ex-presidente disse que gostaria de ser enterrado ao lado de sua cadela, apelidada de Manuela, que faleceu em 2018.

Mujica pediu para ser enterrado com Manuela, sua cadela que morreu em 2018 | Reprodução

Mujica morreu na terça-feira (13), aos 89 anos. O ex-presidente enfrentava um câncer de esôfago desde 2024. Neste ano, ele revelou que a doença havia se espalhado pelo corpo, afetando também o fígado, e que, por sua idade avançada e doenças crônicas, havia optado por parar o tratamento.

Militante, guerrilheiro e preso político

Figura emblemática da esquerda latino-americana, José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu em 20 de maio de 1935. Filho de pequenos agricultores, começou a militar cedo. Na década de 60 ingressou na guerrilha urbana Movimento de Libertação Nacional, mais conhecida como Tupamaros.

Mujica foi preso político quatro vezes durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Ele passou 14 anos detido até ser beneficiado pela anistia decretada em 1985, com a posse de Julio María Sanguinetti, primeiro presidente do Uruguai pós-redemocratização.

Em 1994, Mujica foi eleito deputado e em 1999, senador. Em 2005, foi nomeado ministro da Agricultura no governo de Tabaré Vázquez. Quatro anos depois, em outubro de 2009, foi eleito presidente do Uruguai, cargo no qual promoveu mudanças sociais significativas, como a diminuição da pobreza, a descriminalização da maconha e a legalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

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Mujica acabou tornando-se uma das lideranças da esquerda mais admiradas da América Latina pelo estilo de vida sóbrio. Ganhou o apelido de “presidente mais pobre do mundo” ao se recusar a morar no palácio da presidência e dispensar os carros oficiais por um fusca azul. Além disso, durante seu mandato, doou 90% do seu salário para a construção de casas populares.

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