Uruguai ainda luta por justiça e memória, diz jornalista sobre Marcha do Silêncio – Brasil de Fato

A capital uruguaia Montevidéu foi tomada por uma multidão na 30ª Marcha do Silêncio, evento que homenageia os desaparecidos durante a ditadura militar no país, que durou de 1973 a 1985, um dos períodos mais longos de repressão no continente. Para o jornalista uruguaio Marcelo Aguilar, a continuidade e o crescimento dessa manifestação, ocorrida nesta terça-feira (20), mostram que o país ainda não resolveu suas pendências em relação a esse capítulo sombrio da história.

“Essa marcha é muito mobilizadora. Ela toca numa questão muito sensível do povo uruguaio, porque o país ainda não resolveu suas questões em relação à ditadura. Ainda há desaparecidos, os militares não fornecem informações para localizar seus restos, e várias famílias dedicaram suas vidas a buscar seus filhos, sem sucesso até hoje”, afirma Aguilar em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, nesta quinta (22).

O jornalista ressalta que a Marcha do Silêncio é uma forma de manter viva a memória histórica. “Essa ideia de gritar em silêncio, reivindicando justiça, verdade e memória, é uma ferramenta muito forte e peculiar. Cada povo encontra sua forma de preservar essa memória, seja no Brasil, na Argentina, ou no Uruguai”, analisa.

Jovens e times de futebol marcham por justiça

Um aspecto que chama atenção na marcha deste ano foi a crescente participação dos jovens, muitos que sequer viveram o período da ditadura. Para Aguilar, essa presença é um sinal de esperança e um indicativo do esforço contínuo para construir uma memória coletiva que impeça a repetição dos crimes cometidos.

“A ‘lei da caducidade’, que não permite julgar os militares da ditadura, se manteve firme. Ao mesmo tempo, essas gerações jovens estão indo massivamente na Marcha do Silêncio e estão fazendo um exercício de memória. Então é bem interessante ter a juventude participando desse tipo de de evento. É algo que dá uma dá uma esperança e também ajuda a construção dessa memória para não repetição”, avalia o jornalista.

Além das ruas, a memória também ganhou destaque nos estádios. Os dois maiores clubes do Uruguai, Nacional e Peñarol, tiveram manifestações de torcidas e jogadores em apoio às famílias dos desaparecidos. Embora as diretorias ainda não tenham posições oficiais unificadas, e em alguns casos tenham até contestado os protestos dos jogadores, as torcidas vêm protagonizando um movimento de politização importante.

“Não é um processo fechado onde exista uma coesão entre todos os clubes, mas é um processo interessante no sentido de que as torcidas estão ali gerando um processo de politização, e isso atinge certamente os jovens, que são os que mais frequentam as arquibancadas”, diz.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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