Visão geral:
Em um relatório publicado na quinta-feira, a Unidade Anticorrupção do Haiti (ULCC) revelou graves casos de apropriação indébita envolvendo ex-funcionários do Escritório de Proteção ao Cidadão (OPC), do Escritório de Seguro de Acidentes de Trabalho, Doença e Maternidade (OFATMA) e do Escritório de Imigração e Emigração, totalizando mais de US$ 987,000 em prejuízos públicos. Renan Hédouville (OPC) é acusado de viagens fictícias, Carl François (OFATMA) de contratos ilegais de alimentação e Stéphane Vincent (Imigração) de fraude de passaporte. A ULCC alerta para a fragilidade do acompanhamento judicial em meio à longa omissão do Haiti em punir a corrupção.
PORTO PRÍNCIPE — A Unidade Anticorrupção (ULCC) apresentou seis relatórios investigativos em 8 de maio, revelando grave má gestão e desvio de mais de um milhão de dólares em instituições públicas do Haiti. Os casos mais graves — totalizando mais de US$ 987,000 em fundos estatais mal utilizados — envolvem o Escritório de Proteção ao Cidadão (OPC), o Escritório de Seguro de Acidentes de Trabalho, Doença e Maternidade (OFATMA) e a Diretoria de Imigração e Emigração (DIE).
O ex-Ombudsman Renan Hédouville é acusado de desviar verbas para missões fictícias e reivindicar diárias e passagens aéreas para 10 viagens oficiais entre 2019 e 2024, que nunca ocorreram. A ULCC relatou US$ 127,630 em despesas vinculadas a essas missões fictícias, incluindo:
- US$ 15,960 arrecadados pessoalmente por Hédouville.
- US$ 14,500 por sua chefe de gabinete, Régine Hédouville, sua filha.
- US$ 11,800 pelo coordenador de TI Tex Willer Célafoi Louis, genro do ex-diretor do OPC.
Registros mostram que Louis e sua esposa Régine sacaram suspeitamente US$ 23,375 de suas contas no Capital Bank e no UNIBANK. Vários outros funcionários do OPC, incluindo Juliana Thomas Simplice e Jean Jolin Dodier, receberam mais de US$ 28,000 em pagamentos falsos de diárias.
O relatório afirma que as passagens foram compradas da agência de viagens Sans Souci, operada por Marie France Petoia — sem licitação pública —, violando as leis de licitação. Apesar de ter sido intimado, Hédouville se recusou a comparecer perante os investigadores, processando a ULCC e alegando que seu e-mail foi hackeado. Um mandado de prisão foi emitido contra ele.
A ULCC recomenda acusações de peculato, obstrução da justiça e contratação ilegal, e pede uma auditoria do seu mandato pela Suprema Corte.
François e Vincent são alvos de escândalo em contrato de catering e esquema de fraude de passaporte
Carl François, ex-diretor da OFATMA, é acusado de selecionar duas empresas de catering — Valcuisine e Oley Event and Food Services — sem licitação. Uma das codiretoras, Valérie Nadia Victor, é aliada política de François, e ambas pertencem ao partido MTV Ayiti. A ULCC sinalizou isso como um claro conflito de interesses.
A Valcuisine recebeu US$ 791,325 — 95% dos US$ 828,025 gastos pelo OFATMA em serviços de alimentação entre 2022 e 2025. Suas refeições custaram mais do que as do fornecedor anterior, e as deduções fiscais obrigatórias foram ignoradas, custando ao estado US$ 16,570 adicionais.
François, Victor e Valmine Jean Jacques agora enfrentam acusações de falsificação, conflito de interesses e peculato.
“Os fatos documentados constituem infrações penais e merecem sanções exemplares para restabelecer a autoridade do Estado.”
Unidade Anticorrupção do Haiti (ULCC)
Em pouco menos de quatro meses à frente da Diretoria de Imigração, Stéphane Vincent é acusado de autorizar 556 emissões de passaportes sem o devido pagamento de impostos, custando ao estado US$ 28,120.
De acordo com a ULCC, Vincent e vários funcionários públicos — incluindo Lesly Saint Juste, Marriantha Merone e Rubens Pauleon — usaram uma conta de usuário falsa sob o pseudônimo Fernando Victor para validar solicitações de passaporte sem que os pagamentos fossem processados pelo tesouro.
A agência está pedindo processos e sanções, incluindo congelamento de bens para todos os envolvidos.
Os casos Hédouville, Vincent e François fazem parte de uma investigação de corrupção mais ampla descoberta pela ULCC. Três relatórios adicionais destacam abusos de fundos públicos, totalizando US$ 903,076:
- Quatro centros de passaportes em Delmas, Tabarre, Pétion-Ville e Rue Lamarre, Porto Príncipe, coletaram ilegalmente US$ 557,692 em dinheiro sob as diretrizes de Vincent.
- Um contrato público sem licitação no valor de US$ 261,538 foi emitido, e US$ 83,846 foram gastos sem documentação.
- Em Saint-Marc, autoridades, incluindo Washny Bien-Aimé e Castel Ertilus, depositaram fundos estatais em uma conta pessoal e pagaram a si mesmos salários e diárias sem autorização.
- Em Hinche, a funcionária pública Gerline Joseph alocou ilegalmente terras agrícolas a um contato pessoal usando documentos falsificados.
Pouca ação do sistema de justiça
Apesar da escala desses delitos, a ULCC alerta que o sistema de justiça haitiano raramente os cumpriu. Entre 2004 e 2024, a agência apresentou 87 relatórios recomendando processo criminal. Apenas um caso levou à condenação, enquanto quatro foram encerrados — um deles por arquivamento.
A agência agora pede que o judiciário tome medidas firmes, incluindo processar indivíduos identificados, congelar ativos e aplicar auditorias completas.
Nota do Editor: Esses relatórios fazem parte de uma investigação em andamento sobre corrupção no governo. The Haitian Times continuará acompanhando os acontecimentos à medida que eles se desenrolam.
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