Turismo encara com preocupação um possível abrandamento do mercado dos EUA para Portugal

Apesar de até ao momento não existirem razões para alarme, o setor turístico não esconde alguma preocupação relativamente a um possível abrandamento dos fluxos turísticos dos Estados Unidos para Portugal, devido às recentes medidas tomadas pelo Governo Trump.

A 24 de março, um estudo da ForwardKeys, a que o Turisver fez referência, apontava Lisboa como um dos 10 destinos preferidos pelos turistas dos Estados Unidos para viajar este verão, ao mesmo tempo que Porto e Faro subiam nas preferências daquele mercado. Uma semana depois, um relatório da Sojern, também noticiado pelo Turisver (ler aqui) dava conta de que os Estados Unidos lideravam a procura de voos de longo curso para Portugal. Nos últimos meses, somaram-se outros estudos, inquéritos e relatórios, todos apontando no sentido de trazer optimismo à actividade turística em Portugal no que ao mercado dos EUA se refere.

O otimismo não é, no entanto, desenfreado, nomeadamente no que concerne à hotelaria, já que, no dia 26 de março, na apresentação dos resultados do inquérito “Balanço 2024 & Perspetivas 2025” da Associação da Hotelaria de Portugal, Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, tinha já apontado o clima de incerteza que a política comercial dos EUA começava a provocar, situação que poderia ter impacto negativo nos fluxos turísticos daquele país para Portugal.

Os dados publicados no final de março pelo Instituto Nacional de Estatística dariam razão a este alerta, uma vez que os indicadores referentes a fevereiro contabilizavam já uma descida de cerca de 5% nas dormidas efetuadas pelo mercado dos EUA no alojamento turístico, face ao mesmo mês do ano passado.

CTP e APAVT temem impacto negativo das medidas do governo Trump no turismo

Já no passado dia 9 deste mês, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, em declarações à agência Lusa, afirmou temer o impacto negativo das tarifas comerciais impostas pelo Governo dos EUA no turismo, por via de uma eventual redução do poder de compra dos cidadãos.

No final de uma reunião com o ministro da Economia, Pedro Reis, o presidente da CTP Francisco Calheiros disse não ter “nota de qualquer abaixamento” relativamente às perspetivas do mercado turístico americano para Portugal, até porque o turismo não está abrangido pelas tarifas impostas.

Dizendo esperar que esta situação não afete o verão em Portugal, Francisco Calheiros teme, no entanto, que haja consequências se as medidas impostas causarem alguma retração no consumo, o que pode impactar nas viagens dos cidadãos dos EUA ao estrangeiro, num momento em que este mercado está em pleno crescimento para Portugal, sendo um dos que mais receitas deixa per capita.

No mesmo sentido vão as declarações que o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, enviou por escrito à agência Lusa. De acordo com o responsável, a dinâmica do mercado americano para Portugal “deve provocar-nos preocupação acrescida” uma vez que um possível aumento da inflação e até uma eventual recessão nos EUA “trariam certamente alguma espécie de travão ao crescimento deste mercado, que se tem revelado tão importante junto de Portugal”.

Inquirido sobre um possível abaixamento do número de turistas portugueses para os EUA, Pedro Costa Ferreira disse ser ainda “cedo para comentários definitivos”, mas alertou que “se a instabilidade política se mantiver e as políticas identitárias e antiglobalização perdurarem, é natural que venhamos a ter, este ano, menos turistas portugueses nos EUA”.

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