O Uruguai, que tem experimentado forte instabilidade climática e volumes de chuva acima da média para março, registrou a formação de um grande tornado em Clara, Tacuarembó, na tarde de uma segunda-feira. Originado de uma supercélula de tempestade, o fenômeno avançou sobre área desabitada, sem causar danos.
As supercélulas são formações meteorológicas complexas, frequentemente associadas a eventos extremos como tornados e microexplosões. No caso do Uruguai, a célula isolada encontrou condições favoráveis para sua intensificação, impulsionada pelo calor intenso presente no norte do país e no estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
O que são supercélulas e como elas se formam?
Supercélulas são tempestades severas caracterizadas por uma corrente ascendente rotativa, conhecida como mesociclone. Essas formações são notórias por sua capacidade de gerar tornados, granizo de grandes dimensões e ventos fortes. A formação de uma supercélula requer um ambiente específico, onde o ar quente e úmido se encontra com ar frio e seco, criando condições para a instabilidade atmosférica.
No caso do recente tornado no Uruguai, imagens de satélite capturaram uma extensa nuvem circular sobre a região, típica de supercélulas. A combinação de calor intenso e umidade elevada criou um ambiente propício para o desenvolvimento dessa tempestade.
Por que o uruguai está enfrentando instabilidade climática?
O fenômeno do tornado ocorreu em um período de forte instabilidade climática na região. Um bloqueio atmosférico está mantendo a umidade proveniente da Amazônia retida no interior da América do Sul, impedindo seu deslocamento para o Brasil. Isso resultou em chuvas intensas no Uruguai e na Argentina, com algumas cidades registrando acumulados superiores a 300 mm, causando inundações e alagamentos.
Além disso, o calor extremo registrado no Rio Grande do Sul, com temperaturas ultrapassando os 38°C em várias cidades, contribui para a formação de novas tempestades isoladas no sul do estado, embora sem previsão de tornados.
O que é o corredor de tornados da América do Sul
A região onde o tornado ocorreu faz parte do chamado Corredor de Tornados da América do Sul, que inclui a Argentina, Paraguai, Uruguai e o sul do Brasil. Esta área é conhecida por sua alta incidência de tornados, resultado do encontro de massas de ar quente da Amazônia com frentes frias provenientes da Antártida.
Eventos históricos reforçam essa característica. Em 2009, um tornado F4 atingiu Guaraciaba, em Santa Catarina, enquanto em 2016, ventos superiores a 250 km/h devastaram Dolores, no Uruguai. O evento mais extremo já registrado na América do Sul ocorreu em San Justo, Argentina, em 1973, quando um tornado F5 destruiu a cidade, resultando em 63 mortes.
Como o clima extremo afeta a região?
Os eventos climáticos extremos, como os tornados, têm um impacto significativo nas regiões afetadas. Além dos danos materiais, eles podem causar perdas humanas e afetar a economia local. No entanto, a previsão e o monitoramento meteorológico avançados podem ajudar a mitigar esses impactos, permitindo que as comunidades se preparem melhor para enfrentar tais fenômenos.
Com o aumento das temperaturas globais e as mudanças climáticas, a frequência e a intensidade desses eventos podem aumentar, tornando essencial o investimento em infraestrutura de monitoramento e sistemas de alerta precoce para proteger vidas e propriedades.
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