Todos fazem falta!  

Não posso deixar de mencionar aqui a nossa solidariedade para com os outros povos, mas sem nos esquecermos da diáspora angolana, que merece uma atenção maior e cuja importância para o desenvolvimento do nosso País tem de ser levada em consideração”, disse o Presidente João Lourenço na cerimónia de tomada de posse, a 26 de Setembro de 2017. Enquanto o chefe de Estado tem um discurso de reconhecimento, respeito e valorização da nossa diáspora, muitos dos seus auxiliares caminham na contramão e estão totalmente desalinhados com a estratégia do líder. O País é de todos e faz-se com todos. Há uma Angola que também acontece fora de Angola. Todos fazem falta!

Armindo Laureano

25 de Abril 2025 às 07:47

Precisamos de uma nova visão, de uma nova abordagem, de um novo espaço de consciência sobre as nossas comunidades espalhadas pelo Mundo. Precisamos de perceber melhor as várias dinâmicas de convivência social, de integração e de inclusão das nossas comunidades. Os seres humanos têm necessidades, responsabilidades e aspirações, quem governa precisa de dar o exemplo, construindo relações abertas, justas e inclusivas com os seus concidadãos, pois só assim poderão ajudá-los a abordar os valores da responsabilidade, da igualdade, da cooperação e da democracia. O Executivo precisa de estabelecer um compromisso de apoio, assistência e cooperação com as nossas comunidades no exterior, trabalhando de forma mais célere e dinâmica, visando atender a todos de forma cada vez mais humana, humilde, profissional e competente. Em vez de julgar e de criticar quem sai, não era melhor trabalhar para que os angolanos consigam sentir-se realizados na sua própria terra? Que tal garantir aos cidadãos educação, saúde, água, luz, emprego e segurança. Que tal lhes garantir o básico? João Lourenço tem tido a iniciativa de realizar encontros com as comunidades angolanas durante as suas visitas ao exterior, foi assim em Portugal, Bélgica, França, Alemanha, Eslováquia, Japão e outros países. São oportunidades para os seus auxiliares perceberem melhor as várias dinâmicas de convivência social e de integração das nossas comunidades. Os angolanos têm tido um papel importante no desenvolvimento humano, social, cultural e académico em muitas das sociedades onde estão inseridos. Temos na diáspora bons e verdadeiros promotores da cultura e dos valores da Pátria.
Tenho dito que nos faz falta uma política clara e bem definida para a diáspora. Durante anos, nunca se definiu uma estratégia para se aproveitar, potenciar e agregar os vários saberes e valores das comunidades angolanas espalhadas pelo Mundo. A questão da ausência de votos sempre foi algo que marcou profundamente os angolanos no exterior e o facto de termos um Presidente da República que se empenhou para que os angolanos residentes no estrangeiro pudessem exercer o seu direito de voto nas últimas eleições, é um sinal de respeito e consideração por eles. A principal função de um Estado é a defesa e a protecção dos seus cidadãos. Não se pode estar a desvalorizar, a hostilizar compatriotas pelo facto de terem tomado a decisão de viver fora de Angola. O facto de estar a viver fora de Angola não faz deles menos cidadãos ou menos angolanos do que aqueles que estão em território nacional. Há uma Angola que também acontece fora de Angola. Uma Angola culta e adulta, uma Angola respeitada e respeitadora, uma Angola com valor e valorizada.
Temos de encarar e aceitar a realidade. A realidade é que todos os dias partem do País vários cidadãos sem previsão de regresso e outros partiriam se pudessem. A crise financeira, o desemprego, a falta de alguma estabilidade política, económica e social, a falta de perspectivas e algumas incertezas quanto ao futuro têm provocado a fuga de muitos quadros qualificados para o exterior. Governantes e pessoas bem posicionadas no aparelho do Estado criaram condições e têm “despachado” seus familiares para o exterior. Ter um visto hoje representa a realização de um sonho, o sonho de uma vida melhor e de novas oportunidades. Portanto, alguns membros do Executivo de João Lourenço deviam tentar perceber melhor os discursos, posicionamentos e acções do seu líder e agir em sintonia. Esta é a Pátria que nos pariu. A Pátria acima de tudo e de todos. A Pátria em que todos fazem falta. Uma Pátria que a sua diáspora, como disse o Presidente João Lourenço em 2017: “Merece uma atenção maior e cuja importância para o desenvolvimento do País deve ser levada em consideração”. Viva Angola e viva os angolanos de Cabinda ao Cunene, do Mar ao Leste, e também na Diáspora. Todos fazem falta!

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