Tecnologia e geopolítica: Nvidia reforça produção nos EUA enquanto Huawei domina na China

O fabricante de chips Nvidia está a planear investir centenas de milhares de milhões de dólares na sua cadeia de abastecimento de semicondutores e eletrónica nos Estados Unidos da América durante os próximos quatro anos. Numa entrevista ao Financial Times, o CEO e cofundador da Nvidia, Jensen Huang, explicou como a empresa está a tentar capitalizar a abordagem “America First” de Donald Trump em relação à produção, especialmente porque a empresa tecnológica chinesa Huawei se tornou uma força global dominante no setor dos semicondutores.

Nessa mesma entrevista ao Financial Times, Huang manifestou ainda a necessidade de garantir que a cadeia de fornecimento da sua empresa seja suficientemente resiliente para resistir e responder a quaisquer potenciais interrupções nos fornecimentos de Taiwan, seja por questões relacionadas com tarifas ou por desastres naturais. “O mais importante é estar preparado”, afirmou. “Nesta altura, sabemos que podemos fabricar nos EUA – temos uma cadeia de fornecimento suficientemente diversificada.”

Abordando a rápida expansão da Huawei nos últimos anos, Huang afirmou que esta tornou-se a “empresa de tecnologia mais formidável da China”. De acordo com uma investigação do Mercator Institute for China Studies – um grupo de reflexão alemão sem fins lucrativos – a Huawei tem vindo a receber, consistentemente, subsídios governamentais no valor de dezenas de milhares de milhões de dólares desde 2009, o que lhe permitiu sair do seu mandato inicial como empresa de telecomunicações e expandir-se para os espaços da inteligência artificial, dos semicondutores e do software, tudo isto enquanto construía uma cadeia de abastecimento autossuficiente para o fabrico de chips na China.

Este cenário sugere que a rivalidade tecnológica entre as duas grandes economias mundiais vai continuar a intensificar-se, e empresas como a Nvidia estão a tomar medidas para garantir que permanecem competitivas. Será interessante acompanhar como é que esta guerra tecnológica vai evoluir e que repercussões pode vir a ter no mercado global.