Não há erro de rota porque, o tempo todo, o procedimento está sendo realizado com o paciente — e seu capacete — dentro do equipamento de ressonância magnética. “Ela é o melhor método para mostrar detalhes do sistema nervoso central”, justifica o doutor Gobbo.
Um desenho de caracol
A neurologista Polyana de Toledo Piza, gerente médica do Programa de Neurologia do Einstein, conta que já se tentou usar outras técnicas de ablação para alcançar o VIM. “Mas a enorme vantagem do HIFU é que o paciente fica acordado o tempo inteiro e, com isso, a gente consegue fazer um teste reversível, com baixa energia, só para checar se as ondas do utrassom estão focadas no lugar certo. Como vejo isso? Aumento um pouco a temperatura e peço para o paciente ligar dois pontos em linha reta ou fazer o ‘caracol do tremor’, por exemplo”, explica.
A médica se refere a um desenho de um labirinto em forma de caracol que ela passa em uma prancheta com caneta por cima do paciente, que está deitado dentro do equipamento de ressonância, vestindo o capacete do HIFU. “Se ele continuar tremendo, não conseguirá a caneta irá fazer um ziguezague, sem acompanhar direito esse labirinto”, descreve a neurologista.
Outra preocupação é a energia não bater, sem querer, em outras áreas nobres do cérebro. “Bem ali, por perto, há uma estrutura chamada cápsula interna, por onde passam todas as fibras motoras. Ou seja, se eu for um pouquinho mais para o lado, posso diminuir a força ou alterar a fala do paciente.” Calma, se isso acontecer, será só naquele momento no qual os neurônios ficarão inativos. “Tirou o ultrassom e eles logo voltam ao normal”, garante a doutora.
No entanto, se os tremores estiverem melhorando, ela continuará aumentando a temperatura até obter o melhor resultado. E, só então, fará a lesão irreversível. E, não, a pessoa não sente nada. Vá lá, alguns relatam uma leve tontura na hora agá.
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