Tarifas de Trump. Que impacto para o turismo em Portugal?


O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, manifestou esta quarta-feira receio com o impacto que as tarifas norte-americanas podem ter no turismo nacional, devido à quebra de consumo interno nos Estados Unidos. 


“Tememos que, se não houver razoabilidade no meio disto possa acarretar uma crise, quer para o mercado americano, quer para as suas pessoas” disse Francisco Calheiros à agência Lusa, no final da reunião com o Ministro da Economia, Pedro Reis. “E falta de poder de compra é diminuir o consumo”, sublinhou.


A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) partilha a mesma preocupação da Confederação do Turismo de Portugal e alerta para o risco de inflação e recessão nos EUA que poderá não só vir a travar a trajetória de crescimento do mercado americano como reduzir a diminuição do consumo mundial.




“A espetacular dinâmica recente do mercado emissor americano para o nosso país, deve provocar-nos preocupação acrescida: inflação e eventual recessão no final do ano, nos EUA, trariam certamente alguma espécie de travão ao crescimento deste mercado, que se tem revelado tão importante junto de Portugal”, disse o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, à agência Lusa.


O poder de compra do turista americano


Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os turistas norte-americanos têm vindo a ganhar relevância em Portugal e a impactar positivamente a economia nacional. Em
2024, os EUA ocuparam o quarto lugar entre os países que mais gastam em
Portugal, com uma subida de 11,6 por cento representando total de 279 milhões de euros, só superados pelo Reino Unido, França e Alemanha. 


No total, os turistas
norte-americanos representaram cerca de 5,1 milhões de dormidas, o que equivale a
nove por cento do total de dormidas de não-residentes, ultrapassando os 56 milhões.


Por sua vez, os dados do Banco de Portugal de 2023 corroboram a robustez da entrada de receitas provenientes dos EUA, segundo os quais,
os turistas norte-americanos foram o quinto maior grupo de turistas responsáveis pelas despesas em Portugal, atrás dos turistas espanhóis (25,2%), britânicos (12,6%), franceses (12,4%) e alemães (8%).


Um mercado em expansão em risco


O aumento significativo do turismo americano em Portugal levou o setor do turismo a reforçar a promoção do destino e as companhias aéreas a apostarem em novas rotas para conectarem os dois países. É o caso da TAP que se prepara para lançar três novas rotas para os EUA, prevendo um total de 101 voos semanais para a América do Norte (EUA e Canadá).


Apesar das incertezas, tanto a companhia aérea portuguesa TAP como a United Airlines mantêm uma postura otimista. Questionada pela agência Lusa, a TAP disse estar “confiante no sucesso das rotas que opera” para os EUA, ao contrário da Air France-KLM que já reportou uma “ligeira desaceleração” nas vendas de bilheres para os EUA na classe económica. “A melhor prova dessa confiança é que (a TAP) vai iniciar nos próximos
três meses, três novas rotas, a saber, Lisboa/Los Angeles, Porto/Boston e
Terceira/São Francisco”, declarou.


Apesar de ainda não são visíveis sinais de abrandamento da procura
turística pelos EUA, o eventual impacto das medidas de Donald Trump na
carteira dos americanos pode significar uma quebra do número de turistas
em Portugal o que obriga o setor do turismo a seguir com atenção a
evolução da conjuntura nos EUA


Assim como o Governo que após ter reunido com os representantes do setor do turismo, esta
quarta-feira, vai levar a questão das
tarifas aduaneiras para a próxima reunião de Conselho de Ministros, já
esta quinta-feira, e debater eventuais medidas para mitigar o seu
impacto
.


Queda do turismo internacional para os EUA 


Na sequência da instabilidade política nos EUA e das novas políticas de controlo de fronteiras da administração Trump, o presidente da APAVT admitiu, embora considere que seja cedo para comentar, que “se a instabilidade política se mantiver e as políticas identitárias e
antiglobalização perdurarem, é natural que venhamos a ter, este ano,
menos turistas portugueses nos EUA”
.


Segundo dados da Tourism Economics, o turismo internacional para os Estados Unidos deverá cair 9,4 por cento em 2025 devido às políticas agressivas da administração de Donald Trump nas fronteiras. 


Questionada sobre a eventuais reclamações de turistas portugueses na entrada em território americano, a Embaixada dos EUA em Portugal disse não ter conhecimento de qualquer reclamação ou problema.


“As regras não mudaram, todo o possível viajante para os Estados Unidos é submetido a uma rigorosa verificação de segurança interinstitucional”, respondeu a porta-voz da Embaixada dos EUA em Portugal, Marie Blanchard.


À semelhança de outros países, Portugal atualizou recentemente as recomendações para os portugueses que viajam para os EUA, com advertências específicas sobre a identidade de género e para o facto de um visto ESTA não dar entrada automática no país.



c/agências 

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.