Sissoco acusado de caçar voto com recurso aos bens do Estado – DW – 23/05/2025

Umaro Sissoco Embaló, a liderar a Guiné-Bissau com um mandato expirado, segundo a Constituição, passou quase uma semana em digressão pelo interior do país a levar promessas de melhorarias da vida das populações. Aproveitou ainda a ocasião para reafirmar a sua autoridade, numa altura em que muitos o consideram “ex-Presidente”, por ter terminado o mandato constitucional em fevereiro passado.

Multidões ouviram as promessas de Sissoco, que não poupou críticas aos adversários, tendo inclusive lançado várias ameaças a quem tentar subverter a ordem constitucional na Guiné-Bissau.

Na cidade de Catió, no sul do país apelou ao fim do tribalismo na política guineense: “Não quero ser Presidente da República dos fulas, dos mandingas, dos balantas ou dos papéis. Sou o Presidente da República da Guiné-Bissau.”

Esta “Presidência Aberta”, a apenas seis meses das eleições legislativas e presidenciais, levanta dúvidas. O jurista e analista político Augusto Nansambé considera que a iniciativa não faz sentido e aponta para outro objetivo por trás das deslocações de Sissoco Embaló às regiões.

“Umaro Sissoco Embaló está reticente quanto à sua popularidade e, consequentemente, quanto à sua recandidatura. Não se pode falar de Presidência Aberta de um Presidente cujo mandato caducou”, constata.

E o analista denuncia: “Estamos perante uma pré-campanha eleitoral para testar a sua força política, com vista a decidir se avança ou não com uma recandidatura.”

Simões Pereira: “Não pode haver vacatura na Presidência”

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Uso ilegal dos meios do Estado?

Durante as deslocações, Sissoco Embaló tem sido acompanhado por vários membros do regime, além de um aparato de colunas militares.

À DW, o professor universitário Cadafi Dias critica a pompa que envolve o Presidente e os recursos mobilizados para garantir as visitas: “Vemos ministros, secretários de Estado e funcionários públicos — que deviam estar nos seus gabinetes a trabalhar — integrando a comitiva presidencial. As escolas até são encerradas para receber o Presidente”.

E o professor alerta que “é muito grave o que está a acontecer, porque os meios gastos nestas deslocações podiam ser canalizados para os setores da saúde e educação.”

Em janeiro de 2024, um comunicado do Comissariado da Polícia de Ordem Pública (POP), ainda em vigor, proibiu quaisquermanifestações ou comícios, alegando estarem em curso operações de busca e apreensão de armas de fogo, na sequência da alegada tentativa de golpe de Estado de 2023.

Para o jurista Fransual Dias, se a medida já era ilegal, atualmente tornou-se inexistente: “Estando já marcadas as eleições presidenciais e legislativas para novembro, esse despacho cai por terra”.

“Sabemos que há uma fase de pré-campanha em que todos os partidos se dirigem às suas bases para conhecer a realidade das populações e, assim, elaborar um programa eleitoral consentâneo com essa realidade”, sublinha Dias.

As eleições legislativas e presidenciais na Guiné-Bissauestão agendadas para 30 de novembro próximo.

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