O relatório do BAD sobre perspetivas económicas africanas para 2024, apresentado hoje em Nairobi, justifica essa incerteza face ao “impacto combinado de choques externos e fraquezas estruturais”.
Refere igualmente que a “economia deverá crescer lentamente, 1,2% em 2024 e 2,1% em 2025”, enquanto a inflação mantém “a tendência crescente”, atingindo os 16,1% em 2024, embora com a previsão de queda para 7,2% no próximo ano.
O défice fiscal de São Tomé e Príncipe, segundo o BAD, deverá diminuir para 3,3% do PIB em 2024 e 2,9% em 2025, enquanto a conta corrente também deverá manter a tendência crescente, para 11,4% do PIB em 2024, mas caindo para 9% em 2025.
“Os riscos de médio prazo para o crescimento incluem a fraca capacidade empresarial, fornecimento de energia por vezes instável e falta de investimento em infraestruturas comerciais essenciais”, aponta o documento, apresentado durante os encontros anuais do BAD, que decorrem na capital do Quénia até sexta-feira.
Recordando que o Governo de São Tomé e Príncipe está a negociar um programa de assistência com o Fundo Monetário Internacional, o documento também aponta que o crescimento económico do arquipélago já foi ligeiro em 2022, de 0,1% em 2022, para 0,5% em 2023.
“O crescimento lento deveu-se principalmente ao impacto prolongado de interrupções de energia na economia, agravada pela invasão russa da Ucrânia, que levou ao aumento dos preços dos alimentos e do petróleo no mundo”, lê-se.
Como resultado de “receitas baixas e despesas elevadas”, o BAD refere que “o país continua a enfrentar um défice fiscal estrutural”, financiado “principalmente através de subvenções e empréstimos de parceiros multilaterais e bilaterais”.
“O país enfrenta um grande desafio para garantir a sua segurança energética e alimentar. Como resultado, as reservas internacionais líquidas sofreram um declínio acentuado, de 29,9 milhões de dólares [27,6 milhões de euros] em 2021 para 0,51 milhão de dólares [471 mil euros] em dezembro 2023, cobrindo menos de um mês de importações, incluindo combustível”, lê-se.
A economia de São Tomé e Príncipe, refere ainda o BAD, “sofre de uma limitada base produtiva que dificulta a diversificação económica e reduz a resiliência do país”.
Em 2022, os serviços contribuíram com a maior parcela do PIB de São Tomé e Príncipe, com 81,5%, e “existem apenas algumas empresas industriais de médio porte” no país, que se concentram no cacau, bebidas, baunilha e transformação de madeira.
“O fluxo de investimento é insuficiente para satisfazer todas as necessidades do país em infraestruturas”, admite o BAD, acrescentando que são necessários cerca de 5.000 milhões de dólares [4.617 milhões de euros] nos próximos cinco anos, para resolver essas dificuldades.
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento e reúne-se em Nairobi até sexta-feira para debater “A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitetura Financeira Global”, prevendo a presença de 3.000 participantes, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de várias áreas, de todo o mundo.
Estes encontros incluem a 59.ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento e a 50.ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento, decorrendo no Centro Internacional de Conferências Kenyatta, em Nairobi.
O Grupo BAD conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente, incluindo Portugal e Brasil.
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