Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
O banco espanhol Santander está sendo acusado de financiar o desmatamento em larga escala no bioma do Gran Chaco, um dos ecossistemas mais importantes da América do Sul e a maior floresta tropical seca do continente.
A informação, baseada em investigação da ONG Global Witness, publicada no jornal britânico The Guardian, no último dia 15 de maio, revela que o banco contribui com parte dos cerca de US$ 1,3 bilhão em financiamento para a agroindústria argentina Cresud, que já desmatou mais de 170 mil hectares de floresta nativa.
Destruição atinge 4 países
De acordo com o The Guardian, o financiamento promovido pelo Santander está diretamente ligado à destruição de uma área crítica que abrange partes de quatro países da América Latina: Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil e que já perdeu quase metade de sua vegetação original.
“O grupo espanhol Santander tem uma visão do colonizador europeu e não respeita a legislação trabalhista brasileira, as decisões da justiça e é, de todo o sistema financeiro nacional, a instituição com maiores práticas antissindicais. Agora vemos que, também na questão ambiental, o banco trata a América Latina como uma ‘colônia’ a ser explorada”, criticou do diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e membro da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Marcos Vicente.
Propaganda enganosa
Segundo matéria publicada no site da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), o Santander anunciou, em 2018, uma política de sustentabilidade que prevê restrições a atividades que envolvam desmatamento e assumiu o compromisso público de zerar suas emissões líquidas até 2050. No entanto, a investigação divulgada pela imprensa europeia mostra que essas ações anunciadas não estão sendo cumpridas na prática pelo banco, já que o Santander continua financiando empresas responsáveis por um grande nível de desmatamento. “Apesar das promessas, o banco aparece entre os principais financiadores de companhias que operam em áreas de alto risco de desmatamento, comprometendo não só o meio ambiente, mas os direitos das populações tradicionais e a estabilidade climática da região”, destaca o texto do The Guardian.
Importância do tema
Segundo o jornal a diretoria do Santander foi procurada pelos repórteres ingleses, mas não respondeu diretamente às acusações e tampouco comentou sobre sua relação com a Cresud.
A empresa argentina, por sua vez, não quis se manifestar.
“A categoria bancária e a sociedade precisam entrar neste debate e tentar sensibilizar a opinião pública nacional e estrangeira e as autoridades governamentais e fiscalizadoras a impedirem estas práticas contra o meio ambiente e a vida do Planeta. Por isso é importante termos uma secretaria só para este tema, como aqui no nosso Sindicato. O trabalhador precisa ser protagonista neste debate”, explicou a diretora executiva do Meio Ambiente, Cida Cruz.
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