Rússia usa países lusófonos para mostrar que também pode mandar no Atlântico

Mikhail Metzel / EPA

O presidente russo, Vladimir Putin, com o seu homólogo da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo

Os acordos recentes da Rússia com países lusófonos – nomeadamente São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau – visam proclamar a sua influência russa no Oceano Atlântico.

O investigador Fernando Jorge Cardoso defendeu que, nos recentes acordos que estabeleceu no domínio da defesa com países lusófonos, a Rússia quer demonstrar “que consegue navegar e atracar no Atlântico”, o “mar principal” da NATO.

O Professor catedrático convidado da Universidade Autónoma de Lisboa, Fernando Jorge Cardoso considera que a Rússia está a dizer de forma clara às outras potências que também é capaz de ter influência na região.

“É uma tentativa relativamente bem conseguida por parte da Rússia a dizer: ‘Nós também somos capazes de ter influência nesta região”, disse.

São Tomé e Príncipe assinou recentemente um acordo militar com a Rússia e o Presidente da Guiné-Bissau declarou, segunda-feira, que existe com aquele país um Acordo de Quadro Geral, que se mantém “sempre intacto” e que, de vez em quando, é revisto, apenas através de processos verbais, em todas as áreas.

Qual o papel da CPLP? Nenhum

Na mesma conferência, na Universidade Autónoma de Lisboa, esta sexta-feira, o investigador do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboao, Luís Bernardino, também interveio, e considerou que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não consegue atuar na resolução dos problemas existentes no golfo da Guiné, nomeadamente com a pirataria marítima.

O golfo da Guiné transformou-se no centro de gravidade em termos do movimento e do tráfego marítimo entre continentes (…) principalmente porque há determinados abastecimentos que vêm dessa zona (…), um centro de gravidade geopolítica nestas rotas globais na área económica, nomeadamente na parte dos hidrocarbonetos”, salientou.

Luis Bernardino considera que “a CPLP não tem contribuído muito, ou quase nada para esta realidade”.

“Todos nós esperamos que efetivamente a CPLP possa fazer muito mais. Possa crescer em termos de cooperação e defesa, possa ter mais presenças marítimas também nesta região e que possa ter um papel de ator nesta região, que neste momento não tem”, afirmou.

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