Revolução Bolivariana será hegemônica na Venezuela

Avalie bem o que seus ouvidos escutaram da grande imprensa sobre a complexa situação política na Venezuela. Tente olhar por si: hoje, por meio da internet, isso é possível! Mire as realizações da Revolução Bolivariana e perceba como os níveis primordiais de sociabilidade melhoraram desde a chegada de Hugo Chávez ao poder, em 1999. O tema agora é a disputa pelos governos estaduais em todo o país. Neste caso, o importante pleito pelo governo de Nueva Esparta. Trata-se do menor estado venezuelano, ao norte do país, composto por três ilhas. Em Nueva Esparta, porém, há enorme influência política dos principais atores do momento; por isso, observar essa disputa é necessário — a política está em constante competição em todo o território. Nueva Esparta também apresenta um contexto peculiar: lá, foi possível um político fanfarrão ser eleito governador por sete vezes, sendo duas dessas eleições consecutivas. Como isso aconteceu? Mais: o mesmo político quer ser reeleito agora, no pleito marcado para 25 de maio.

Cérebros acostumados com a grande imprensa brasileira e, por conseguinte, manipulados por ela, logo pensariam que o chavismo está envolvido em tal situação, que Nicolás Maduro, o ditador-mor da América Latina, deveras, sabe o que está acontecendo e tem responsabilidades por mais esse terrível defeito na estrutura eleitoral venezuelana, certo? Errado. A análise é, no mínimo, enganosa. O político em questão é Morel Rodríguez, candidato da extrema direita ao governo do estado de Nueva Esparta.

Morel Rodríguez conta com o apoio de Edmundo González, candidato à presidência da Venezuela derrotado por Nicolás Maduro nas últimas eleições, e de María Corina Machado, liderança política de extrema direita que fez de González marionete durante o processo eleitoral. Vale destacar que o manejo eleitoral realizado por María Corina no período do pleito presidencial também acontece agora — o que não surpreende. Edmundo González não está na Venezuela: ele autoexilou-se na Espanha, onde passa por tratamento médico em hospital público. Surpreendem, contudo, dois fatos nessa história: primeiro, se a Venezuela vive um regime ditatorial de esquerda, como é possível a existência e funcionamento de partidos de extrema direita e seus líderes em plena atividade política? Depois, como é possível Edmundo González oferecer algum suporte político a Morel Rodríguez estando fora do país? Neste momento, deixemos o imbróglio “democracia versus ditadura” de lado para entrar nos impressionantes sete mandatos de Rodríguez.

O que fez Morel Rodríguez para ser lembrado como grande governador? Bem, na prática, nada. O cenário é como uma sátira infinita. A população local o apelidou de “mestre da mentira” ou, simplesmente, “Pinóquio”. Para além disso, há especialistas que apontam que o orçamento manipulado por suas mãos durante vinte anos não é compatível com as realizações de seu governo. Mais: Rodríguez teve a audácia de defender, em público, as realizações de suas administrações. Ele não esperava, porém, que uma das pessoas na plateia fosse bradar: “Isso é falso! Essas obras são do governo federal.” A resposta não poderia ser outra — a truculência dos seguranças se abateu sobre o reclamante, e ele foi retirado do local. Outras pessoas no mesmo evento foram silenciadas “amigavelmente”. Esse é um exemplo de como funciona a política direta da extrema direita na Venezuela.

De bom agouro, concorre com Morel Rodríguez a candidata apoiada pelo governo Maduro, Marisel Velásquez. Ela é uma política experiente e governou o município de Díaz, em Nueva Esparta. Marisel tem o que apresentar em vinte anos de administração. Ela realizou o que era necessário e urgente. Primeiro, cuidou gradativamente da água do município: o esgoto que corria pelas ruas de terra batida quando chovia foi canalizado e tratado. Lá, o ditado popular diz que os políticos não se dedicam a solucionar questões do tipo porque “os esgotos não rendem votos, ninguém os vê”. Em seguida, praticamente de forma concomitante à questão hídrica, ela resolveu as debilidades relativas à eletricidade. A fiação elétrica era feita de arame farpado, sustentada apenas por forquilhas de árvores. Qualquer brisa mais forte era suficiente para derrubar a geringonça — e o arame eletrificado ia ao chão. O resultado: mortes por choque elétrico. A rede elétrica deixou de ser problema em seu governo. Marisel não parou por aí… ela inovou em programas de saúde e esportes. Hoje, o município de Díaz cuida de enfermos de diversas outras cidades do estado de Nueva Esparta. Ela também promoveu o restauro de estruturas e equipamentos esportivos.

Mas, se Marisel Velásquez é uma política tão capaz, por que não se candidatou antes ao governo do estado? Ela tranquilamente permitiu que Morel Rodríguez ficasse no poder por oito anos consecutivos? Para resumir: a conjuntura política não era favorável. Agora, ela conta com o firme apoio de Nicolás Maduro e das Comunas e Conselhos Comunitários. O povo de Nueva Esparta está com Marisel Velásquez e com a Revolução Bolivariana. As eleições presidenciais impactam o pleito regional e vice-versa; por essa razão, é fundamental acompanhar os movimentos eleitorais da Venezuela — mesmo nessa pequena região.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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