Removidas 542 barreiras fluviais na Europa, mas dados em Portugal são desconhecidos

Um relatório publicado pelo Dam Removal Europe revela que, em 2024, foram removidas 542 barreiras dos rios europeus, o que corresponde a mais de 2.900 quilómetros de rios reconectados. A remoção destas barreiras, na sua maioria obsoletas, veio contribuir para a resiliência climática, para melhorar a segurança hídrica e alimentar e para reverter a perda de natureza.

Pela primeira vez, a Finlândia liderou esta contagem, com pelo menos 138 remoções de barreiras, seguida da França, Espanha e Suécia. Portugal encontra-se nos últimos lugares da tabela, com apenas uma barreira removida – a barreira de Perofilho, num projeto de parceria entre a WWF Portugal, o Município de Santarém e a SOS Animal.

“Estes números evidenciam o apoio crescente à remoção de barreiras artificiais, nomeadamente as obsoletas, como ferramenta para reconectar e restaurar os rios para as pessoas e a natureza em toda a Europa, seguindo uma das metas da Lei Europeia do Restauro da Natureza de alcançar pelo menos 25000 km de rios livres até 2030”, afirma Manuela Oliveira, Coordenadora de Água da WWF Portugal. “Rios contínuos e em bom estado são fundamentais para a adaptação à crise climática e para a recuperação da biodiversidade”.

Hoje em dia, mais de 1,2 milhões de barreiras fragmentam os rios europeus. Estas barreiras, dezenas de milhares das quais obsoletas, impactam os cursos de água porque alteram o fluxo natural de água, sedimentos, nutrientes e espécies – diminuindo a resiliência e os serviços dos ecossistemas, e contribuindo para o já confirmado declínio de 85% nas populações de espécies de água doce na Europa desde 1970.

Sobre o facto de Portugal ocupar os últimos lugares deste ranking, Manuela Oliveira esclarece: “nos últimos anos, a remoção de barreiras obsoletas tem estado a ser promovida quase exclusivamente pela sociedade civil, incluindo por ONGs ambientais, que têm levado a cabo estas e outras ações de recuperação das margens dos rios com vista ao restauro fluvial. A WWF Portugal já removeu duas barreiras obsoletas, estando a terceira prevista para este ano, e tem desenvolvido estudos de identificação e triagem de barreiras fluviais obsoletas em conjunto com entidades governamentais locais. A remoção de barreiras é uma medida que deverá ser também contemplada no Plano Nacional de Restauro, cuja elaboração a WWF Portugal acompanha formalmente, e que prevê também a criação de reservas fluviais, o que é um sinal bastante positivo. A WWF Portugal continua a procurar sensibilizar as comunidades e o poder político para esta matéria, considerando que é urgente e necessário repensar a forma como gerimos os nossos rios e como é importante deixá-los fluir livremente”.

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