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Estava com uma amiga brasileira aproveitando as belezas e tudo o que Lisboa tem de bom. Uma cidade colorida, histórica, alegre e acima de tudo, uma cidade democrática.
A história de Lisboa comprova o fato de que as diversidades podem conviver. Romanos, mouros, cristãos, judeus… Na maior parte do tempo, esses povos conviveram de forma pacífica, tanto que, ao visitar os museus, a gente vê as expressões artísticas de cada povo registradas no mesmo período. Então, por que não preservar esse espírito? Por que não entender que as diferenças são importantes, e até fundamentais para a nossa evolução?
Nada amadurece sem contrariedades. Precisamos de contrapontos para sermos completos. O resultado da última eleição em Portugal não me causou nenhuma surpresa, mas aumentou a minha preocupação. Já fui de esquerda. Na minha juventude, cheguei a fazer campanha para a esquerda política no Brasil, mas, hoje, não me interessa ser de esquerda, de direita, ou o que for. Eu sou antirradicalismos e, atualmente, os radicais estão em todos os lados.
Quero inteligência e bom senso, mas o que vejo é o crescimento de discursos extremistas e pouco inteligentes. Infelizmente, eu não acredito nos políticos ou, para ser menos pessimista, acredito em poucos políticos. Mas por mais que os políticos não me representem, a existência deles depende das minhas e das nossas escolhas, e as decisões deles nos afetam diretamente.
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A tristeza está na falta de opção na hora de escolher os candidatos que nos são ofertados. Costumam ser tão ruins, que, muitas vezes, somos obrigados a eleger o menos pior. Foi dessa forma que a política se apresentou a mim no Brasil, e acredito que seja assim em inúmeros países no mundo.
“Que ganda porcaria”, diriam os portugueses. O mundo é o resultado dessa “gente” que se apropriou do que, por conceito, deveria servir o bem coletivo. Nunca vai ser igualmente bom para todos, mas pode e deve ser menos pior para todos.
Fiquei triste ao ler reportagens sobre brasileiros em Portugal que se consideram imigrantes de “primeira classe” e defendem a expulsão dos asiáticos. Sou brasileira, uma imigrante que valoriza, respeita, e acima de tudo, fortalece a cultura e a economia de Portugal. E não sou melhor ou mais merecedora do que qualquer outro imigrante que busque aqui uma chance ou oportunidade de vida. Não existe mau imigrante! Existe pessoa ruim, falta de oportunidade e preconceito. E existe falta de organização de quem oferece aquilo que ainda não tem capacidade de dar e de quem embarca na aventura de emigrar sem planejamento.
Portugal vive, neste momento, a consequência de ter facilitado e até estimulado a entrada de tantos estrangeiros sem criar estrutura para os receber, e muitos desses imigrantes chegaram sem planos ou estratégias definidas. Um grande equívoco quando se decide mudar de país.
O que sei é que discursos e posturas radicais não levam a nenhum caminho promissor. Por isso, hoje eu digo: “Não me interessa esquerda ou direita. Não me interessam os discursos radicais. Me interessa observar, discutir, ouvir, refletir e, aí sim, decidir!”
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