“Queremos uma economia exportadora” – DW – 25/07/2024

O primeiro-ministro português defende que a internacionalização das empresas portuguesas é uma “locomotiva da economia” nacional. Luís Montenegro terminou a visita de três dias a Angola esta quinta-feira (25.07), dia em que se deslocou à província de Benguela, onde realçou sinergias no plano da cooperação para o aprofundamento das relações bilaterais.

Depois de uma manhã preenchida, o chefe do Executivo português falou aos jornalistas no terminal de minério do Porto do Lobito, uma das infraestruturas que integra o Corredor do Lobito, considerado o projeto de desenvolvimento mais emblemático do país.

Num ato simbólico no referido porto, Montenegro fez apitar um comboio. Ao lado das autoridades angolanas e de representantes do consórcio com a concessão do projeto por 30 anos – que inclui a portuguesa Mota-Engil -, o chefe do Governo de Lisboa fez soar três sonoros apitos numa locomotiva na linha férrea e quis fazer um paralelismo com a economia portuguesa.

“Tive a ocasião de pôr a locomotiva a apitar e de poder comprovar que a internacionalização das nossas empresas é uma locomotiva da nossa economia”, explicou. “Nós queremos uma economia forte em Portugal, queremos uma economia com vocação exportadora”, defendeu.

Muitas oportunidades

O primeiro-ministro português considerou que esta sua visita serviu “para ficar ainda mais consciente das muitas oportunidades” que podem ser partilhadas entre Portugal e Angola, entre os dois povos e os respetivos governos, no aprofundamento das relações bilaterais.

Corredor do Lobito: A bandeira na relação entre Angola e EUA

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Montenegro considerou que a vertente económica “é imprescindível”, no âmbito desse aprofundamento de relações, para levar bem-estar à vida das pessoas. “Sejam os angolanos e os portugueses que vivem em Angola, sejam os portugueses e os angolanos que vivem em Portugal”, sublinhou.

Questionado porque dedicou quase um dia da sua deslocação a Angola à província de Benguela, Montenegro disse que tal resultou da conversa com o Presidente da República de Angola, João Lourenço, que o convidou a visitar o país por ocasião da sua deslocação a Portugal nos 50 anos do 25 de Abril.

“O Presidente João Lourenço sugeriu-me que uma das regiões em que se podia, por um lado, projetar o futuro de Angola” é precisamente a província de Benguela e a sua ligação ao corredor do Lobito. Por outro lado, acrescentou, isso permitiu-lhe perceber até onde pode ir a capacidade das empresas lusas.

“É um projeto de logística fundamental nesta região e que tem um impacto absolutamente extraordinário”, afirmou, realçando, por conseguinte, a ligação histórica da província com Portugal.

Porto do LobitoFoto: Nelson Sul d’Angola

Com financiamento dos Estados Unidos e da União Europeia (UE), o Corredor do Lobito liga as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico e integra como infraestruturas o Porto do Lobito, o Terminal Mineiro, o aeroporto de Catumbela e o Caminho-de-Ferro de Benguela. A infraestrutura estende a sua ligação até às áreas de mineração da Copperbelt, na Zâmbia, e Katanga, na República Democrática do Congo, promovendo a exportação mais rápida de cobalto, cobre e outros minérios desses países.

Benguela vai ter Consulado

O primeiro-ministro chegou à província de Benguela sem gravata, a bordo de um avião da República de Angola, e foi recebido por um grupo de dança tradicional africana, tal aconteceu em vários momentos da visita.

Montenegro teve depois um breve encontro com o governador da província, Luís Nunes, tendo a comitiva seguido a pé para visitar as futuras instalações do Consulado-Geral nesta cidade. A obra, que deverá estar concluída em agosto de 2025, apresenta um custo estimado superior a dois milhões de euros. Luís Montenegro assegurou que regressará a Benguela para a respetiva inauguração.

O primeiro-ministro visitou igualmente a central fotovoltaica do Biópio, inaugurada em julho de 2022 e que se tornou no maior projeto de energia solar da África subsariana. A empreitada foi realizada por um consórcio entre a empresa norte-americana Sun Africa e a portuguesa MCA, estando esta última com a componente de engenharia e construção.

Esta unidade faz parte de um conjunto de sete parques em várias províncias de Angola que, quando estiverem operacionais, permitirão fornecer energia limpa e renovável a cerca de 2,4 milhões de angolanos. O investimento visa contribuir para a redução anual de emissões poluentes de cerca de um milhão de toneladas de dióxido de carbono.

Luís Montenegro chega a Lisboa esta sexta-feira (26.07), depois de uma cerimónia de despedida, no Palácio Presidencial, um encontro com a imprensa e um jantar oferecido pelo embaixador de Portugal em Luanda, Francisco Alegre Duarte.

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