Os ataques entre os seguidores de Abel Chivukuvuku, cordenador do PRA-JA Servir Angola; e de Adalberto Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), intensificaram-se nos últimos tempos nas redes sociais.
Os membros do PRA-JA entendem que o maior partido da oposição teme perder o lugar de segunda maior força política em Angola, à semelhança do que ocorreu em Moçambique. Já os militantes da UNITA acusam o partido de Chivukuvuku de ter negociado com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) a sua legalização.
Em entrevista à DW, o jornalista angolano Ilídio Manuel, diz que esta luta de palavras é “algo que se tornou mais claro a partir do momento em que o partido de Abel Chivukuvuku foi legalizado.”
O PRA-JA Servir Angola foi legalizado em outubro de 2024. As lideranças não comentam, para já, o assunto.
Já o cientista político Eurico Gonçalves entende que esta clivagem entre militantes, amigos e simpatizantes dos dois partidos está ligada ao que chama de “migração político-partidária”.
“É medida na ciência política pelo número de vezes que um político migra de um partido para o outro”, acrescenta. E não são poucos os números que têm sido registados ao longo da recente história política angolana.
Em 2012, por exemplo, o político Abel Chivukuvuku abandonou a UNITA com mais de duas centenas de seguidores para fundar a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE).
“E isso tem repercussões do ponto de vista político e social”, considera Eurico Gonçalves.
Ilídio Manuel já nota que há “sinais de que o PRA-JA vai concorrer às eleições de 2027 de forma isolada”.
E quem lucra com esta alegada falta de união da oposição?
“Quem beneficia destas lutas no seio da FPU é claramente o MPLA, porque pode tirar dividendo disso, uma vez que a oposição, que nas últimas eleições conseguiu um número considerável de acentos -reduzindo a maioria qualificada do MPLA, poderá estar agora numa situação fragilizada se os dois maiores partidos da oposição, nesse caso, a UNITA e o PRA-JA concorrem de forma separada”, prevê Ilídio Manuel.
FPU “fragilizada”
Em função dessas lutas e outras situações, Eurico Gonçalves diz que a Frente Patriótica Unida (FPU) está “fragilizada e vulnerável” e apresenta “incertezas”.
“Sem um rumo certo e com inúmeras incertezas se será uma coligação de partidos políticos, se será uma plataforma político-social ou se será extinta antes das eleições de 2027.”
Face a essa realidade, Ilídio Manuel apela à união da oposição angolana, tendo em vista os próximos desafios políticos.
“Porque eu não acredito que eles de forma isolada consigam combater o MPLA que, como se sabe, é um partido-estado. É um partido que usa todos os meus do Estado para sua manutenção no poder”, diz.
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