Cenário de exclusão de idosos das novas tecnologias é tema do artigo do jornalista Wilson Falcão –
O Brasil está envelhecendo. Segundo o IBGE, em poucos anos teremos mais idosos do que crianças no país. No entanto, enquanto os corpos envelhecem, os sistemas digitais parecem seguir na direção oposta — cada vez mais complexos, herméticos, e inacessíveis. O resultado? Um cenário de exclusão silenciosa, onde idosos são deixados à margem de serviços essenciais.
Não é difícil encontrar exemplos: um site do governo que exige autenticação em múltiplas etapas; um aplicativo bancário com ícones minúsculos e menus escondidos; plataformas de saúde digital que presumem familiaridade com termos técnicos. Até mesmo portais como os do Ministério da Fazenda ou da Receita Federal são verdadeiros labirintos.
Será que o próprio presidente da República conseguiria, sozinho, acessar todos os serviços digitais hoje exigidos dos cidadãos? E quanto ao aposentado de 76 anos que precisa apenas imprimir um comprovante ou atualizar um cadastro?
O que vemos hoje é uma corrida entre programadores e empresas por inovações cada vez mais sofisticadas — mas frequentemente esquecem a base mais importante: a usabilidade universal.
Técnicos da informação — desenvolvedores, engenheiros, cientistas da computação — precisam compreender que sua função vai além da inovação. Eles também são formadores de cidadania digital. Criar sistemas acessíveis é uma questão de respeito humano e social, especialmente quando se trata de um público que construiu o país em décadas passadas.
Está na hora de uma revolução silenciosa, mas profunda. Precisamos de tecnologia que inclua, que respeite, que acolha. O idoso não pode ser excluído do presente digital, pois ele é parte fundamental da nossa sociedade. A dignidade, o respeito e o acesso não são favores e sim direitos.
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