Qualidade de vida envolve cuidados com saúde física, mental, social e espiritual, reforçam especialistas

Há mais de 30 anos, Nina Rosa, de 83 anos, caminha e se alonga de segunda a sexta-feira, todas as manhãs. “Eu gosto, me sinto bem”, diz. Ela acredita que seu hábito de buscar se alimentar com frutas, verduras, dormir bem e evitar fritura e açúcar contribuem para que tenha uma vida saudável. O mesmo para Ana Maria Koelzer, de 81 anos, que caminha há mais de 50, além de fazer hidroginástica. Todas as terças, quintas e sextas-feiras, às 9h, ela faz exercícios em grupo no parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre. “Posso dizer que minha saúde é boa”, assegura. “Acho que todo mundo precisa fazer exercícios, principalmente em uma idade maior. É importante porque é saudável, é de graça e faz bem”, complementa.

Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos é o terceiro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 assinados pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre os pontos, destacam-se reduzir a taxa de mortalidade materna global; atingir a cobertura universal de saúde, incluindo o acesso a serviços essenciais de qualidade e medicamentos e vacinas; acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças; reduzir a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias.

Mas, afinal, o que é ter saúde e bem-estar? As definições podem se confundir, mas todas levam a uma mesma ideia: uma vida longa e saudável deve contemplar todos os âmbitos da vida – físico, mental, emocional e, também, espiritual. Desde 1946, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade.

O que é saúde e bem-estar?

Rafael Baptista, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, lembra que a definição de saúde vem evoluindo ao longo dos anos, e que os conceitos são diversos. “De uma maneira geral, nos últimos anos, a saúde vem deixando de ser simplesmente ausência de doenças para ser um completo bem-estar físico, mental, espiritual e emocional”, diz.

O professor defende que uma vida saudável consiste nessas diferentes dimensões de uma pessoa estar em equilíbrio. “Se a pessoa está com uma saúde física boa, ou seja, o corpo está saudável, mas ela também está com a mente saudável, o espírito, a vida emocional. Se está de forma equilibrada e bem conectada nos diferentes aspectos por onde transita, seja profissionalmente, na família, pessoalmente, com as condições médicas reguladas, o nível de aptidão física está bem condicionado. É um equilíbrio em todas essas dimensões”, afirma.

Paula Leite Dutra, médica de cuidados paliativos do Hospital Mãe de Deus, segue na mesma linha. De acordo com a profissional, saúde deve contemplar todos os âmbitos da vida. “É ter um bem-estar além de controle da física para ter saúde mental e, também, atividades sociais que se relacionam às condições emocionais também ativas. A gente não considera a saúde só os problemas físicos. A gente considera uma pessoa com saúde aquela que consegue ter todos esses âmbitos da vida da forma mais saudável”, explica.

A definição de qualidade de vida é mais ampla, diz Paula. “É como eu me vejo no mundo e como eu interajo com esse mundo”. “Além de ter saúde física, ter uma vida social, questões emocionais e psicológicas bem acompanhadas, é ter, também, um propósito de vida, conseguir se relacionar com outras pessoas, ter um convívio social e espiritualidade”.

Desafios

Manter esse equilíbrio físico, mental, social e emocional pode ser um desafio para muitas pessoas na rotina intensa. Para Alexander Daudt, médico oncologista e coordenador da equipe da Medicina de Estilo de Vida (MEV) do Hospital Moinhos de Vento, apesar do avanço no controle de doenças e infecções por meio do tratamento com antibióticos e vacinas, o atual estilo de vida das pessoas, como hábitos alimentares, sociais e de sono, por exemplo, pode ser determinantes para um estado de vida “inflamatório”, nas palavras do médico, que são mais proponentes a doenças do que os próprios genes.

“Isso tudo está transformando nosso estilo de vida para o que a gente chama de inflamatório, que acabam também levando a um estresse físico e psicológico. Esse estresse, quando constante e não resolvido, começa a cobrar da gente. Na forma de um diabete, obesidade, câncer, doença cardiovascular, de um infarto precoce.

Ele lembra que pessoas que buscam cuidar da saúde terão menos risco de desenvolver doenças infecciosas e crônicas, que hoje são cargas que a sociedade tem enfrentado. “O número de casos de infarto, derrame cerebral, de pessoas com excesso de peso, obesidade, diabete, e que têm câncer em idade mais precoce. Isso tudo nos mostra que a gente está vivendo uma epidemia. E é uma epidemia que tem a ver com a sociedade moderna”, afirma.

Dra. Paula lembra que, para ter uma vida saudável e também um envelhecimento saudável, bons hábitos devem ser adquiridos desde cedo. “A gente tem que pensar não só no momento que a gente está vivendo agora, mas como a gente gostaria de se ver quando envelhecer, de ter uma terceira idade funcional e saudável. São as coisas que a gente já ouve há bastante tempo falar”, afirma.

Entre esses hábitos, considerando a saúde física, Paula destaca a importância de evitar, por exemplo, o tabagismo e álcool, e também manter uma dieta equilibrada, com proteína, carboidratos, vegetais e exercícios físicos. “Não só exercício aeróbico, mas pensando no envelhecimento, aqueles exercícios de força e resistência, para manutenção de massa muscular e redução de perda óssea, com o passar do tempo.



SAÚDE E BEM-ESTAR
Nina Rosa, 83 anos

| Foto: Ricardo Giusti

Tão importante quanto trabalhar o corpo e a mente, acompanhamentos com profissionais e realização de exames recomendados também devem entrar na rotina, atesta Paula. “Fazer avaliações periódicas, exames preventivos, para diagnósticos de doenças precocemente e tratamento de doenças precoce, o mais cedo possível”, afirma.

Existem exames que são recomendados de acordo com certa faixa etária, e muitas pessoas podem postergar ou ignorar. Paula lembra que, a partir dos 40 anos, é importante realizar exames de rastreamento de neoplasias, como colonoscopia e mamografia. “Exames ginecológicos das mulheres tem que ser feito desde o início da vida sexual para prevenir câncer de colo de útero. Também, avaliações médicas periódicas para avaliar risco cardiovascular, colesterol e como está a saúde do coração”, acrescenta, não esquecendo das vacinas.


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