O nome do próximo papa da Igreja Católica pode ser conhecido nos próximos dias. É possível que os cardeais da Igreja escolham o novo pontífice até o terceiro dia do conclave, que terá início nesta quarta-feira, 7. Os últimos três religiosos a ocuparem o principal cargo da Igreja Católica tiveram uma estreita relação com o esporte, sobretudo com o futebol.
Papa Francisco
Falecido no dia 21 de abril deste ano, o papa Francisco era um amante do futebol. Torcedor declarado do San Lorenzo, da Argentina, Francisco acompanhava com frequência as partidas do time no estádio antes de assumir o posto principal da Igreja Católica. Mesmo depois de ser nomeado papa, ele continuou sócio do clube argentino e chegou a rezar a missa do centenário do San Lorenzo no ano de 2008.
San Lorenzo levou o troféu da Libertadores para o Papa Francisco após conquista, em 2014. Foto: L’Osservatore Romano/Divulgação
Ao redor do mundo, Francisco era reverenciado por torcidas de clubes de futebol. No ano de 2023, por exemplo, quando visitou Marselha, no sul da França, o papa argentino foi recebido por torcedores do Olympique de Marselha com uma grande bandeira com seu rosto, no estádio Vélodrome.
Para além do futebol profissional, o papa Francisco via na modalidade um caminho para pregar a paz e a educação da população mundial. Ele enxergava o futebol como um meio de inclusão e união. Em 2014, Francisco liderou uma iniciativa que culminou em uma partida inter-religiosa em prol da paz, no Estádio Olímpico de Roma.
“Muitos dizem que o futebol é o esporte mais bonito do mundo. Eu também penso isso”, chegou a declarar o papa Francisco em 2019.
Bento XVI
Antecessor do papa argentino, Bento XVI, que ocupou o cargo entre 2005 e 2013, também teve ligações com o futebol. O pontífice era apontado como torcedor do Bayern de Munique, o que não foi confirmado de maneira oficial. Ainda assim, tornou-se sócio honorário do clube bávaro, de acordo com o jornal italiano Gazzetta Dello Sport.
No ano de 1985, quando ainda era o Arcebispo de Munique, Bento escreveu o artigo com o nome “O jogo e a vida: sobre o Campeonato Mundial de Futebol”. Ele buscou identificar quais motivos levaram o esporte a atrair tantas pessoas ao redor do mundo. Chegou a afirmar que a modalidade é uma “tentativa de retornar ao paraíso”.
“Nesse sentido, o jogo seria, então, uma espécie de tentativa de retornar ao paraíso: sair da escravizante seriedade da vida cotidiana e de seus cuidados para a seriedade livre do que não necessariamente tem que ser e que, justamente por isso, é bonito. Frente a isso, o jogo transcende, em certo sentido, a vida cotidiana; mas, sobretudo na criança, tem ainda outro caráter: é um exercício para a vida, simboliza a própria vida e, por assim dizer, a conduz de uma forma plasmada com liberdade”, pontuou.
“Na minha opinião, o fascínio do futebol encontra suas raízes no fato de que reúne esses dois aspectos de forma muito convincente. Obriga o homem, acima de tudo, a se disciplinar, de modo que, pela formação, adquira a disposição sobre si mesmo, por tal disposição a superioridade e, pela superioridade, a liberdade. Mas, depois, lhe ensina também a cooperação disciplinada: como jogo em equipe, o futebol obriga a um ordenamento de si mesmo dentro do conjunto”, completou.
João Paulo II
Já João Paulo II, que foi papa entre 1978 e 2005, foi chamado de “o atleta de Deus”. Em discurso para jogadores do Milan em 1979, o papa polonês definiu o esporte “como uma ginástica do corpo e do espírito, um treino para as relações sociais fundadas no respeito pelos outros e pela própria pessoa, e um elemento de coesão social, que favorece ainda relações amistosas no campo internacional”.
Apaixonado por esportes, João Paulo II praticou canoagem, natação, esqui e montanhismo. E não escondia o amor pelo futebol. Quando jovem, disputou partidas organizadas por judeus e cristãos. Ele tinha ótimo desempenho quando atuava como goleiro.
O polonês destacou a importância do futebol para promover valores como tenacidade, espírito de sacrifício, respeito, lealdade, amizade e trabalho coletivo. Em visita ao Brasil em 1980, o então papa recebeu uma camisa do Fluminense. A torcida do clube carioca adotou a música “A bênção, João de Deus”, composta por Péricles de Barros.
“Em palavras mais simples quero dizer-vos: assim como sois bons jogadores, procurai também ser bons cristãos, sempre fiéis ao Senhor, à sua Igreja, à sua Lei de amor por Ele e pelos irmãos”, discursou João Paulo II, também no ano de 1980.
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