Proximidade da China com Brasil preocupa Trump às vésperas de ‘tarifaço’

O Brasil rejeita a tese. Em estudo realizado pela Amcham, a Câmara de Comércio Brasil-EUA, o argumento da Casa Branca é também rebatido. “O Brasil é o 9º maior produtor mundial de aço, representando 1,8% da produção mundial, e o 8º maior produtor de alumínio primário”, diz o informe.

Segundo a Amcham, o Brasil demonstra claras preocupações com práticas de comércio desleal nas importações de bens desses dois setores, visto que possui 45 medidas de defesa comercial aplicadas contra bens de aço e alumínio (ou 29,4% do total de medidas do país) — 27 delas especificamente aplicadas contra a China.

“Das importações brasileiras provenientes da China do setor de aço, 78,4% são produtos laminados de ferro e aço. Por outro lado, as vendas de produtos de aço do Brasil para os EUA são de aço semiacabado (76,3%). Desta forma, dado o nível de agregação de valor dos produtos comercializados entre Brasil e China e Brasil-EUA, é improvável que os produtos de aço importados pelo Brasil oriundos da China estejam sendo utilizados na reexportação aos EUA, conforme possibilidade aventada pela Ordem Executiva [governo Trump]”, afirmou a Amcham.

Alerta feito antes da eleição

Mas a sombra chinesa, de fato, tem permeado as conversas. Antes mesmo da eleição nos EUA, uma equipe do governo brasileiro se reuniu com aliados e com a base de Trump. O recado ali foi claro: Washington estava preocupado com o aumento da presença chinesa no Brasil e na América Latina.

O fluxo comercial não seria um problema, mas amplos investimentos em infraestrutura não eram aceitáveis, principalmente em portos e outros setores com o potencial de ter um uso geoestratégico. Um dos exemplos dados era o porto de Chancay, no Peru, e que recentemente passou a ser uma das apostas da China na América Latina.

Nos encontros, o Brasil argumentava que, apesar da preocupação norte-americana, a realidade era que os EUA não ofereciam alternativas diante da ausência de planos de investimentos ou ajuda.


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