Projeto português quer ajudar São Tomé e Príncipe e Cabo Verde a proteger aves e habitats – Observador

A Sociedade Portuguesa Para o Estudo das Aves (SPEA) tem em curso um projeto cujo objetivo é capacitar São Tomé e Príncipe e Cabo Verde a proteger aves e habitats, disse a entidade à Lusa.

O projeto ‘#IlhasMais’ é realizado em parceria com a associação cabo-verdiana Biosfera e financiado pelo Instituto Camões, I. P. em 990 mil euros, declarou à Lusa a coordenadora do departamento de cidadania e educação ambiental da SPEA e coordenadora do projeto, Alexandra Lopes.

“No objetivo geral, o que este projeto quer é capacitar as organizações da sociedade civil de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde, ao nível de capacidades técnicas e organizativas, para que elas sejam mais capazes de desenvolver ações que zelem, ou que vão ao encontro da conservação dos habitats e das aves, nomeadamente ações de modernização, ações de valorização da biodiversidade e dos recursos naturais”, explicou.

A origem desta iniciativa remonta aos trabalhos que a SPEA “já tem desenvolvido em Cabo Verde, nomeadamente com a Associação Biosfera e com a ‘Birdlife International’, numa cooperação que se iniciou em 2009”, contextualizou.

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“Temos vindo a trabalhar com eles em vários projetos, nomeadamente conservação de restauro de habitats insulares, gestão de áreas protegidas, capacitação, etc”, indicou.

Com isso, ao longo destes 15 anos, têm identificado algumas necessidades e surgiu a possibilidade da SPEA concorrer “a um concurso do Instituto Camões, precisamente sobre capacitação de entidades em meio insular e relacionadas com o meio ambiente”, explicou.

“Portanto, surgiu esta ideia de fazermos um projeto em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, com ações muito semelhantes [às já aplicadas em Cabo Verde], mas ajustadas à realidade de cada país”, refletiu.

Os resultados do concurso foram publicados em dezembro de 2023 e começaram o projeto em Cabo Verde em fevereiro, sendo que, no final do ano, vão iniciá-lo em São Tomé e Príncipe.

A iniciativa ocorrerá até 2026.

“Nós queremos, nestes três anos de projeto, que as instituições fiquem com conhecimento suficiente para que depois possam desenvolver por si as ações”, declarou.

Segundo indicou, vão existir três grandes eixos de atuação.

“O primeiro é tentar fortalecer ou criar – dependendo da situação nesses países – plataformas de colaboração entre organizações não-governamentais locais e outras organizações da sociedade civil”, referiu.

“Queremos que estabeleçam redes de parcerias de várias entidades que atuam na área do ambiente e da conservação da natureza porque, de facto, muitas vezes o esforço conjunto tem muito mais força para mobilizar os cidadãos, para a trabalhar junto das entidades estatais, do que vozes individuais”, disse.

Um segundo objetivo é a “capacitação técnica”, em que a SPEA avança com algumas ideias de informação que pode transmitir e que considera útil.

Todavia, Alexandra Lopes salientou que a SPEA quer que sejam as entidades locais “a identificar as suas necessidades”.

“Necessidades estas que visem os objetivos deste projeto, que é a capacitação, a comunicação junto das populações, dos valores naturais, a questão da inventariação, do seguimento das espécies. Mas são eles que nos vão dizer as necessidades que têm”, frisou.

Por fim, o último grande objetivo é promover e incentivar a valorização económica das áreas protegidas e da biodiversidade através dos serviços de ecossistemas, mais relacionada com a componente marinha, mas também com o turismo sustentável.

“É um caminho que ainda agora está a começar, mas pensamos que tem muito potencial e vai ser muito interessante para todas as partes, até mesmo para a SPEA, que vai ter muito a aprender com estas entidades”, salientou.

“O foco são as aves, que através delas podemos conservar outras espécies e flora, mas se acharmos que existem outros componentes da natureza que possamos integrar também neste projeto iremos fazê-lo”, realçou.

Neste momento, estão a trabalhar no atlas das Aves Nidificantes – que constroem ninhos – em Cabo Verde, onde deram formação à Biosfera para que liderasse um grupo de voluntários que vão ter ações de monitorização em todas as ilhas.


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