Projeto de aterro sanitário do Haiti paralisa devido a déficit de US$ 300 mil e problemas estruturais
Visão geral:
Um aterro sanitário em construção em Dumas, Morne Casse, destinado a atender Fort-Liberté, Ouanaminthe e Ferrier, atingiu grandes problemas de infraestrutura, exigindo US$ 300,000 adicionais para ser concluído. Embora o projeto, originalmente financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), tenha como objetivo melhorar a gestão de resíduos no nordeste do Haiti, uma inspeção recente do Ministério do Meio Ambiente encontrou deficiências críticas que devem ser abordadas antes que ele possa se tornar operacional.
FORT-LIBERTÉ, Haiti — Um aterro sanitário em construção em Dumas, Morne Casse, projetado para atender Fort-Liberté, Ouanaminthe e Ferrier, encontrou grandes desafios de infraestrutura, exigindo US$ 300,000 adicionais para ser concluído. O local faz parte de uma iniciativa mais ampla para melhorar a gestão de resíduos no Norte do Haiti, onde um dos três aterros sanitários planejados — perto de Cap-Haïtien—já foi concluído.
Apesar de seu potencial, o aterro sanitário de Dumas tem sérias deficiências técnicas, conforme revelado em uma inspeção recente do Ministério do Meio Ambiente. As principais preocupações incluem a ausência de geomembranas têxteis, gerenciamento inadequado de água e falta de instalações essenciais, como balança e sistema de triagem de resíduos.
Como o aterro sanitário deve funcionar
O aterro consiste em quatro células de armazenamento, cada uma projetada com uma barreira de segurança de argila de 40 cm para evitar que líquidos contaminados (chorume) vazem para o solo e poluam as águas subterrâneas. O local abrange 48,000 m², com diques destinados a ter pelo menos 1.5 metro de altura. No entanto, especialistas do Ministério do Meio Ambiente descobriram que esses requisitos não foram atendidos, exigindo correções urgentes para garantir que o aterro opere com segurança.
O aterro é apenas o projeto piloto de uma iniciativa mais ampla e pode processar lixo por três a seis meses
“Conseguimos concluir a construção física do projeto no prazo em um contexto difícil, dada a situação do país”, disse Biken Neptune, chefe da BK Construction, que está supervisionando o projeto.
Principais problemas identificados
Durante uma visita ao local, especialistas do Ministério do Meio Ambiente identificaram diversas questões críticas que precisam de atenção imediata:
- Falta de geomembranas têxteis, cruciais para isolar resíduos e evitar contaminação do solo
- Má gestão da água, exigindo ajustes para evitar escoamento e inundações
- Ausência de balança, impossibilitando o acompanhamento eficiente da ingestão de resíduos
- Nenhum sistema de triagem seletiva de resíduos, limitando a reciclagem e o gerenciamento adequado de resíduos
- Estruturas de diques abaixo dos padrões de segurança, necessitando de reforço para evitar transbordamento
- Falta de equipamento de compactação de resíduos, especialmente uma escavadeira, reduzindo a vida útil do aterro
“Os defeitos identificados em aterros sanitários têm implicações ambientais significativas. Na ausência de geomembranas têxteis, o chorume pode infiltrar-se no solo, contaminar as águas subterrâneas e ameaçar a saúde das comunidades vizinhas. O gerenciamento inadequado do escoamento também pode contribuir para a erosão e degradação do ecossistema local”, disse Astrel Joseph, especialista ambiental do Ministério do Meio Ambiente.
“Além disso, sem um sistema de triagem seletiva eficaz, uma grande parte do lixo pode acabar sendo enterrada, limitando as oportunidades de reciclagem”, acrescentou Joseph. “Isso vai contra os princípios de desenvolvimento sustentável que o país busca promover.”
Preocupações ambientais e desafios de financiamento
Especialistas ambientais alertam que, se esses problemas não forem resolvidos, o aterro poderá contaminar fontes de água próximas, aumentar a erosão do solo e reduzir sua sustentabilidade a longo prazo.
Para resolver essas preocupações, o Ministério do Meio Ambiente solicitou US$ 300,000 adicionais ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que está financiando o projeto.
“Não é a BK Construction que está solicitando a extensão de US$ 300,000, é o Ministério do Meio Ambiente que permite a construção e a instalação de estruturas no local”, disse Neptune.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) financiou originalmente a construção do aterro de US$ 1.98 milhão, com todo o projeto financiado pelo Japão, de acordo com o documento do programa. No entanto, o Ministério do Meio Ambiente agora está buscando US$ 300,000 adicionais do PNUD para abordar as inovações recentemente recomendadas. De acordo com a empresa de construção do projeto, o orçamento original era preciso, mas a solicitação de financiamento adicional segue recomendações de organizações de transformação de resíduos para melhorar o design do aterro. Uma fonte do PNUD, que pediu anonimato porque não está autorizada a falar com a mídia, confirmou que o custo original do projeto foi estimado em US$ 3.5 milhões quando apresentado pela primeira vez em 2021. Não está claro por que o orçamento mudou nos últimos três anos ou se o PNUD aprovará a última solicitação de financiamento.
O financiamento adicional seria destinado a:
- Instalação de geomembranas têxteis para proteção do solo e das águas subterrâneas
- Melhorar os sistemas de drenagem para regular o fluxo de água
- Adicionar estações de triagem para otimizar a reciclagem
- Aquisição de uma escavadeira para compactação de resíduos
- Elevação das alturas dos diques para atender aos padrões de segurança
Um olhar sobre o potencial futuro: Resíduos para energia
Apesar dos contratempos, as autoridades estão explorando a produção de biogás como uma solução de longo prazo. A decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos poderia gerar energia renovável, fornecendo eletricidade para comunidades vizinhas.
“Este projeto não só pode ajudar a gerenciar resíduos, mas também fornecer uma fonte de energia renovável para comunidades localizadas perto do local”, disse o agrônomo Linés Similien.
Próximos passos para a gestão de resíduos do Haiti
Embora o aterro sanitário de Dumas enfrente grandes desafios, especialistas ambientais e autoridades locais continuam otimistas de que, com financiamento adequado e ajustes técnicos, ele poderá se tornar um modelo de gestão sustentável de resíduos no nordeste do Haiti.
“Garantir o financiamento necessário para esses projetos é fundamental para garantir seu sucesso”, disse o pastor Jackson Polymus, especialista em transformação de resíduos em Fort-Liberté.
Com investimentos contínuos e melhorias na infraestrutura, o aterro sanitário pode desempenhar um papel fundamental na redução da poluição, na melhoria da saúde pública e no fornecimento de alternativas energéticas mais limpas para a região nordeste do Haiti.
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