Primeiro-ministro apresenta na Áustria lista de oportunidades para investidores

Fórum de Desenvolvimento do Fundo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que decorreu esta terça-feira na Áustria, serviu de plataforma para a projeção do país como um mercado de oportunidades em vários setores para investimento externo.   

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe pronunciou-se esta terça-feira, na capital austríaca, perante centenas de líderes, decisores políticos e investidores, sobre as dificuldades com que os pequenos Estados insulares se confrontam para a obtenção de financiamento, aproveitando a ocasião para narrar o “grande potencial” do país em áreas como a indústria agroalimentar e o turismo sustentável.

O alerta foi lançado no Fórum de Desenvolvimento do Fundo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC, na sigla em inglês), no qual Américo Ramos foi convidado a abordar o tema “soluções de escala para países vulneráveis”, e que serviu de plataforma para a projeção do país como um mercado de oportunidades em vários setores para investimento externo.

“Tal como outras nações insulares, deparamo-nos com problemas para conseguir financiamento, desenvolver uma economia mais diversificada e construir infraestruturas mais fortes”, afirmou o chefe do governo são-tomense, chamando a atenção para a necessidade de se tornar o acesso ao financiamento “mais justo, fácil e mais adequado à realidade de países” como São Tomé e Príncipe.

Mencionando oportunidades emergentes nos setores da energia, agronegócio, ecoturismo e serviços digitais, Américo Ramos lançou um convite a investidores, empreendedores e parceiros de desenvolvimento para considerarem São Tomé e Príncipe como destino de negócio. A cidadania por investimento, uma medida que o país tinha vindo a explorar – e já prevista na lei em Cabo Verde -, acaba de ser aprovada em Conselho de Ministros.

“São Tomé e Príncipe oferece estabilidade, beleza natural, uma posição estratégica no Golfo da Guiné e um governo completamente comprometido para reformar. A nossa voz pode vir de uma ilha pequena, mas fala por milhões que vivem com os mesmos riscos e esperanças”, continuou Américo Ramos.

O primeiro-ministro listou, ainda, as intervenções prioritárias em termos de infraestruturas e nas quais o investimento estrangeiro é “bem-vindo” e “muito necessário”. São elas a modernização do Aeroporto Internacional de São Tomé, o desenvolvimento e a expansão das infraestruturas do porto, a construção de um novo hospital nacional “mais moderno e resiliente”, a reabilitação e expansão da rede antiga do país, essencial para melhorar a conectividade e o crescimento económico, que “representam oportunidades estratégicas de parceria” para investidores, explicou.

“Acreditamos que o apoio global e investimento responsável são a chave para resolver os desafios que todos partilhamos, especialmente as pequenas nações insulares. A nossa promessa é clara: queremos ajudar a construir um futuro justo, limpo e aberto para todos. Mas não podemos fazê-lo sozinhos. É preciso mudar e melhorar a forma como a cooperação internacional funciona”, defendeu.

“Mesmo com estas dificuldades, começámos importantes reformas. Estamos a fazer progressos”, sublinhou, apontando o investimento em tecnologia digital e no acesso à internet com fibra ótica e em projetos de banda larga e em formação de profissionais em “áreas-chave como a energia limpa e a tecnologia”.

O caminho tem sido feito com a ajuda parceiros como o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o Banco Mundial e agências das Nações Unidas, recordou.

O governante referiu, ainda, que São Tomé e Príncipe tem estado a trabalhar no “desenvolvimento do turismo sustentável e no crescimento da cooperação internacional, sobretudo com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e na proteção do nosso ambiente”, continuou o governante, levando à apresentação a candidatura da ilha de São Tomé a Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, estatuto já conquistado pela ilha do Príncipe há mais de uma década.

Passando à energia – um dos temas “quentes” no país nos últimos dias – a “transição energética” está entre as prioridades do Executivo, segundo Américo Ramos. “Hoje confrontamo-nos com custos de energia muito altos e dependência excessiva dos combustíveis fósseis. É por isso que estamos a mudar o nosso sistema energético. Abrimos recentemente o primeira central solar fotovoltaica. Isto é parte do nosso plano nacional para alcançar 100% de acesso à eletricidade até 2030”.

A nortear a ação neste campo está o Plano Nacional de Energia de São Tomé e Príncipe, desenvolvido em 2021 com a ajuda do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Banco Mundial e o BAD, entre outros.

“A nossa economia ainda depende maioritariamente do cacau, que representa cerca de 90% das nossas exportações. O setor dos serviços, que é sobretudo informal, representa mais de metade do nosso PIB (Produto Interno bruto). A agricultura é frágil. A nossa indústria é ainda pequena/reduzida, pelo que há um potencial real na indústria agroalimentar e na utilização de produtos locais”, explicou, ainda, o primeiro-ministro.

À margem da conferência, Américo Ramos reuniu-se com o presidente do Fundo da OPEP, Abdulhamid Alkhalifa, com quem foram discutiram formas “de fazer avançar a cooperação” através do Mecanismo de Resiliência Insular – uma plataforma lançada pelo Fundo da OPEP dedicada a apoiar a adaptação às alterações climáticas e o desenvolvimento sustentável nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento , anunciou a organização nas redes sociais.

O Fundo para o Desenvolvimento Internacional da OPEP reuniu, esta terça-feira, cerca de 700 participantes, num evento dedicado ao tema “Uma Transição que Capacite o Nosso Amanhã” e durante o qual foram assinados vários acordos de financiamento.

Criado em janeiro de 1976, o Fundo da OPEP tem a Arábia Saudita (1,1 mil milhões de dólares), o Irão (529, 4 milhões) e a Venezuela (481, 8 milhões) como principais financiadores.


Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.