Presidente da Federação da Guiné-Bissau: «Isto é rapto! Vamos até às últimas consequências» – Internacional
Caíto Teixeira garante que dois jogadores foram levados para Espanha. PSP diz que foram localizados 11 dos jovens
Caíto Teixeira, presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, garante que dois dos 12 jogadores da seleção sub-17 que fugiram da concentração foram levados para Espanha, apontando o dedo a um empresário do país vizinho. “Isto é rapto! Vamos até às últimas consequências”, atira o dirigente, a Record, adiantando que vai acionar a federação e as autoridades espanholas.
“Tive a informação, era já meia-noite, de que dois jogadores foram levados por um espanhol para Espanha. Trata-se de um indivíduo que vai muitas vezes à Guiné-Bissau e que tem ligações à academia Mepa”, acrescenta, sem precisar o nome do indivíduo. “Inclusive, ele esteve no aeroporto quando chegámos a Portugal”, refere.
Teixeira, de 52 anos, esclarece que quatro jovens voltaram à Escola Secundária de São João do Estroril, onde a equipa está concentrada, no domingo, “uns de manhã e outros à noite”. Já fonte da PSP adiantou, ao nosso jornal, que foram localizados 11 menores, dos 12 que desapareceram na última sexta-feira. Segundo essa fonte, estavam em casa de familiares. “Reafirmo que oito jogadores continuam desaparecidos. Apenas quatro se apresentaram no domingo”, reforçou o líder federativo.
Dias agitados
Depois de uma viagem feita via Marrocos, a seleção sub-17 da Guiné-Bissau chegou a Portugal na terça-feira, 9, para disputar a LusoCup, em Cascais. Nos dois dias seguintes venceu Angola (3-0) e Moçambique (1-0), respetivamente. Para o terceiro dia, estava marcado o jogo com São Tomé e Princípe, que, apesar de se encontrar no estádio, não quis entrar em campo, com o pretexto de que três encontros em três dias era cansativo, relatou o dirigente. Desta forma, os guineenses somaram mais 3 pontos e apuraram-se para a final, a realizar no último sábado, com o Brasil.
Não havendo encontro com São Tomé e Princípe, a seleção da Guiné-Bissau voltou à Escola Secundária de São João do Estoril. A ideia era permitir que os jogadores descansassem, como explicou Teixeira, depois da viagem e dois jogos consecutivos. E foi quando se dirigiram para o balnário para tomar banho que 12 jovens, entre os 14 e os 16 anos, aproveitaram para fugir, “saltando a vedação”. Apenas um levou o passaporte, todos os outros documentos ficaram na posse dos responsáveis da comitiva. Com apenas cinco atletas disponíveis, a seleção africana não pôde medir forças com a equipa canarinha.
Teixeira alertou as autoridades para o desaparecimento dos 12 jovens. No domingo, ao final da noite, deslocou-se à esquadra da PSP de Mem Martins para dar nota do regresso dos tais quatro. Afinal, ao que Record apurou, alguns teriam estado em casa de familiares, na Tapada das Mercês, para os visitar. Aliás, terão recebido dinheiro para poderem voltar de táxi a São João do Estoril. “Não quis massacrá-los, dei-lhes apenas um abraço”, relatou.
Antigo médio, que representou Tondela e Amarante no final da década de 80 do século passado, Teixeira acusa as famílias de terem estado na origem desta fuga em massa. “Eu e a polícia estivemos em casa de uma família que nos disse que estiveram lá três jogadores”, refere, ilibando os empresários Catió Baldé, Adilé Sebastião e Wilson Pereira, que têm academias na Guiné-Bissau, desta fuga. “Tenho lido muita contrainformação, mas eles até nos têm ajudado na procura os miúdos”, sublinha.
Oportunidade desperdiçada
Presidente da Federação guineense desde 2020 (foi reeleito para novo mandato de quatro anos em junho), Teixeira sente-se “traído” e desiludido. Sustenta que os jogadores “perderam uma oportunidade única de mostrar qualidades e como a formação evoluiu”, ao não defrontarem o Brasil. “Havia emissários de clube ingleses, portugueses… inclusive o selecionador principal, Luís Boa Morte assistiu a um jogo”, frisa.
“Aponto o dedo aos familiares. Sem passaportes, como é que vão ser inscritos em clubes? Como é que vão estudar? Passarão a ser clandestinos. Para serem inscritos, vão precisar da Federação da Guiné-Bissau. Jamais daremos o certificado internacional!”, avisa. “Isto vai prejudicar o país. Milhares de jovens com talento talento não têm culpa da atitudade de uma dúzia”, acrescenta.
Teixeira refere que esta era uma deslocação histórica. “Há mais de 20 anos que uma seleção jovem guineense não vinha competir a Portugal”, adianta, lamentando o transtorno causado junto das autoridades nacionais. “Agredeço à embaixada de Portugal ter emitido os 28 vistos. Com que cara é que no futuro voltaremos a pedir vistos?”, questiona. Além dos 17 jogadores, a comitiva guineense integra treinadores, responsáveis médicos, dirigentes e, até, um árbitro. O regresso está marcado para dia 19. Na bagagem, levará a taça correspondente ao 2.º lugar.
Caíto Teixeira, presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, garante que dois dos 12 jogadores da seleção sub-17 que fugiram da concentração foram levados para Espanha, apontando o dedo …
Por Nuno Martins
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