Portugal quer novos submarinos e assina um acordo com um gigante asiático para os desenvolver

Com a frota de submarinos atual parada nos estaleiros, a Marinha Portuguesa olha para a Ásia para encontrar novos submarinos e fortalecer a defesa naval

A Marinha Portuguesa assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o gigante industrial sul-coreano HD Hyundai Heavy Industries para “estabelecer uma parceria estratégica” focada no desenvolvimento de submarinos, durante uma exposição internacional de Defesa Marítima, a MADEX 2025, no final de maio, em Busan, na Coreia do Sul. O anúncio surge dois meses após o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Jorge Nobre de Sousa, ter revelado a ambição de reforçar a frota submarina nacional com uma nova unidade ou dois submarinos de menores dimensões.

“Com base na confiança mútua estabelecida por meio desta parceria estratégica, a HD Hyundai e a Marinha Portuguesa planeiam desenvolver em conjunto um pequeno modelo de submarino no futuro”, explica o fabricante sul-coreano num comunicado.

O documento assinado pelo vice-almirante Fernando Pires, superintendente do Material da Armada, e Ju Won-ho, chefe da divisão de embarcações especiais da HD Hyundai, prevê a partilha de informação em áreas de interesse mútuo, com ênfase no desenvolvimento de conceitos e soluções técnicas para a construção e reparação naval. Além disso, a parceria da marinha portuguesa abrange áreas como a manutenção e a modernização de equipamentos navais. 

“A parceria admite, no seu âmbito, poder desenvolver conceitos de submarinos que se adequem aos interesses de ambas as partes, e que resultem de desenvolvimento bilateral”, confirmou fonte oficial da Marinha Portuguesa à CNN Portugal. 

A ambição de reforçar a frota de submarinos portuguesa não é recente. Em entrevista ao Expresso, o chefe de Estado-Maior da Armada destacou que o sistema de forças anterior previa quatro submarinos, o dobro da atual frota composta pelos submarinos da Classe Tridente, Arpão e Tridente. “Poderão ser dois submarinos de dimensão mais pequena ou poderá ser um de dimensão similar, porque a regra de dispor de três permite-nos ter sempre um submarino disponível”, explicou Nobre de Sousa, que admite a aquisição de submarinos na faixa de 800 a 1.300 toneladas.

Estes valores vão ao encontro de alguns submarinos em desenvolvimento pela Hyundai Heavy Industries, que está a criar variantes com 800, 1.500 e 2.300 toneladas, otimizados para missões como patrulhas costeiras e operações em águas estratégicas. Todos estes modelos estiveram expostos na exposição onde o acordo foi celebrado. Contudo, a Marinha Portuguesa esclarece que ainda está na fase de identificar soluções de mercado adequadas, aceitáveis e exequíveis, admitindo que o processo que precede qualquer decisão de aquisição pode ser moroso, extenso e complexo. 

“Muito antes de existirem processos administrativos e de procurement conducentes à aquisição, existe a necessidade de identificar potenciais soluções de mercado que se revelem adequadas, aceitáveis e exequíveis”, afirmou a mesma fonte à CNN Portugal, acrescentando que a integração de sistemas de combate e sensores adaptados às necessidades portuguesas serão abordadas no âmbito da cooperação com a HD Hyundai. 

A urgência de reforçar a frota submarina ganha relevo face à atual situação crítica da Armada. Desde fevereiro de 2025, os dois submarinos da Classe Tridente estão inoperacionais: o Arpão enfrenta um problema no sistema hidráulico, enquanto o Tridente está em manutenção programada no Arsenal do Alfeite desde o final de 2022. Esta paralisação compromete a capacidade de dissuasão e vigilância marítima de Portugal.

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.