Portugal diz que TAP é estratégica e que segue com a privatização; quem quer comprar?

O Portugal afirmou que a TAP, companhia aérea controlada pelo governo português é mais importante para a estratégia do país do que por razões financeiras, enquanto segue com os planos de privatização da companhia aérea estatal portuguesa.

— A TAP é muito mais uma questão estratégica do que financeira — disse o ministro da Presidência (como é oficialmente chamado o chefe de governo), António Leitão Amaro, em entrevista realizada nesta terça-feira, em Lisboa.

Segundo ele, a privatização é um processo “importante” e está em andamento, afirmou Amaro, que coordena as reuniões do Conselho de Ministros. Ele evitou comentar sobre o cronograma da venda da companhia pelo governo português.

O primeiro-ministro do país, Luís Montenegro, já declarou que o governo pretende manter o hub da TAP em Lisboa, bem como rotas consideradas estratégicas para o país.

Quem quer comprar?

As três maiores companhias aéreas da Europa já manifestaram interesse pela TAP publicamente. São eles:

Air France-KLM (franco-holandesa)

Deutsche Lufthansa AG (alemã)

Grupo IAG SA, dono da British Airways (Reino Unido)

O maior atrativo da companhia portuguesa é o de ela hoje ser a principal operadora europeia na ligação entre o continente europeu e o Brasil. A TAP também mantém ainda forte presença na África (onde há outras ex-colônias portuguesas) e rotas para a América do Norte.

Nos últimos dias, a TAP é alvo de uma polêmica no Brasil. Um voo da empresa foi foi cancelado na tarde de sábado após a empresa se recusar a cumprir uma decisão judicial que determinava o embarque de um cão de serviço (que auxilia pessoas com deficiência, por exemplo) para Portugal.

O animal pertence a uma criança autista que o espera em Portugal. Um gerente da TAP foi autuado pela Polícia Federal (PF) pelo episódio, no Aeroporto do Galeão, na Zona Norte do Rio. A empresa preferiu cancelar o voo em vez de cumprir as decisão.

Crise política atrasa venda

O plano do governo português de privatizar a TAP foi adiado no início do ano depois que o parlamento de Portugal derrubou o governo minoritário de centro-direita de Montenegro por meio de um voto de desconfiança, em março.

Portugal realizou eleições antecipadas no último dia 18, com a vitória da coligação governista, que ampliou o número de cadeiras no parlamento, mas ainda sem maioria absoluta. Montenegro e seu novo governo ainda não foram oficialmente empossados após o pleito.

Antes da votação de desconfiança, o governo considerava vender ao menos 49% da TAP, segundo foi reportado pela Bloomberg em fevereiro. Ao optar por vender uma participação minoritária, o governo poderia evitar a oposição política no parlamento que seria esperada caso tentasse vender uma fatia majoritária.

O governo informou em abril que dois relatórios de avaliação da TAP estavam em andamento.

Quase raridade entre as aéreas

A TAP é uma das poucas companhias aéreas estatais ainda disponíveis para aquisição na Europa, região hoje dominada por três grandes grupos de aviação. Em janeiro, a Lufthansa concluiu a compra de uma participação minoritária na italiana ITA Airways, enquanto a Air France-KLM adquiriu parte da sueca SAS AB no ano passado.

Além de transportar o número crescente de turistas que visitam Portugal, a TAP conecta a diáspora portuguesa espalhada pelo mundo e também liga o continente aos arquipélagos da Madeira e dos Açores, no meio do Atlântico.

A companhia aérea portuguesa, liderada pelo CEO Luís Rodrigues, transportou 16 milhões de passageiros em 2024, um aumento de 1,6% em relação a 2023.