Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
Com o início da temporada de furacões no Caribe, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU está soando o alarme sobre a situação humanitária no Haiti.
Com cerca de metade da população, 5,7 milhões de pessoas, enfrentando algum tipo de nível emergencial de fome, o Haiti é um dos cinco países do mundo com níveis catastróficos de fome.
“Apesar de toda a violência, deslocamento e colapso”, o PMA permanece no Haiti, disse Lola Castro, diretora regional para a América Latina e o Caribe, durante um briefing na terça-feira (3), após retornar recentemente do país.
Mais de um milhão de pessoas no Haiti estão deslocadas devido à violência contínua de gangues e à insegurança.
Como as hostilidades estão interrompendo os sistemas alimentares e as cadeias de suprimentos na capital, Porto Príncipe, o PMA está enfrentando uma situação “bastante dramática”, disse Castro.
População deslocada
As populações deslocadas, principalmente em Porto Príncipe e arredores, enfrentam uma situação “muito problemática”, disse ela, já que as hostilidades recentemente desalojaram cerca de 14 mil pessoas da comuna de Kenscoff.
“Kenscoff é uma comunidade onde as pessoas costumavam vir e vender sua comida”, disse ela, e as mesmas pessoas agora dependem de assistência alimentar depois que suas casas foram queimadas e seus meios de subsistência “destruídos”.
Violência de gênero
Com seis mil casos de violência de gênero relatados este ano, a situação das mulheres e meninas em Porto Príncipe é dramática, de acordo com Castro.
A cidade é provavelmente “um dos lugares mais perigosos do mundo” para mulheres e meninas. “Precisamos dar-lhes apoio para garantir que se tornem menos vulneráveis e não sejam expostas a toda essa violência”, disse ela.
Estoques de ajuda em declínio
O Plano de Resposta Humanitária para o Haiti de 2025 prevê pouco mais de US$ 908 milhões, mas apenas 8% do financiamento está disponível. Castro afirmou que o PMA precisa de US$ 46,4 milhões nos próximos seis meses para sustentar sua resposta emergencial e combater as causas profundas da fome e da desnutrição.
A temporada de furacões começou em 1º de junho e vai até o final de novembro. Ela alertou que, neste momento em que metade dos haitianos já passa fome, uma única tempestade pode levar milhões a uma catástrofe humanitária.
Enquanto nos anos anteriores o PMA tinha estoques humanitários prontos no país e conseguia ajudar entre 250 mil e 500 mil pessoas imediatamente após um desastre, “este ano, começamos a temporada de furacões com um armazém vazio”, disse ela.
A menos que recursos sejam disponibilizados, a agência não terá capacidade de responder — não há suprimentos de contingência, nem reserva logística, nem salvação para os mais vulneráveis.
“Não podemos esquecer o povo do Haiti”, disse Castro, pedindo à comunidade humanitária que forneça apoio urgente.
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