Peru: Fundação AIS recorda “colaboração estreita e fraterna” nos tempos em que o Papa foi bispo em Chiclayo e Callao
Responsável de projetos da AIS para a América Latina recorda colaboração estreita entre a instituição e o Bispo que agora foi eleito Papa. Luis Vildoso fala em “alegria imensa” e garante que Leão XIV “conhece bem” a missão da Ajuda à Igreja que Sofre e o compromisso de ser “uma ponte de amor” que permita à Igreja chegar onde os cristãos sofrem, são muito pobres ou são perseguidos.
“Tivemos uma colaboração muito estreita e fraterna. Durante o seu serviço episcopal em Chiclayo e Callao, o atual Papa Leão XIV demonstrou sempre uma grande sensibilidade pastoral e zelo apostólico”, diz Luís Vildoso, responsável de projetos da Fundação AIS para a América Latina sobre os tempos em que D. Robert Francis Prevost liderava aquelas duas dioceses peruanas. E foram muitas as áreas em que essa cooperação se materializou.
“A AIS pôde colaborar com ele em projetos muito concretos: sobretudo na formação de seminaristas no Seminário de Santo Toribio de Mogrovejo, na presença de comunidades religiosas femininas, especialmente em lugares onde não há sacerdote residente, no apoio aos padres através de intenções de missa, na construção de centros pastorais e na reparação de capelas em zonas rurais, bem como em programas de formação da fé para os leigos, realçando assim o seu espírito missionário, aproximando a Igreja dos fiéis e do povo”, explica Vildoso.
A ligação ao Peru teve início em 1985 quando o atual Papa chegou à vigararia agostiniana de San Juan de Sahagún de Chulucanas para trabalhar em paróquias. “Depois, fez parte da equipa de formação do Seminário Maior de San Carlos e San Marcelo, na arquidiocese de Trujillo, onde também foi vigário judicial antes de ser nomeado bispo de Chiclayo e administrador apostólico de Callao”, recorda o responsável da AIS.
3 MIL PADRES PARA 30 MILHÕES DE PESSOAS
Então, como agora, a Igreja peruana enfrenta diversos desafios, sendo que o primeiro, diz Vildoso, “é a falta de sacerdotes”.
“No Peru há cerca de 3 mil sacerdotes para uma população de mais de 30 milhões de pessoas. Isto significa que, em média, um padre tem de atender e acompanhar 10 mil pessoas. Há zonas, sobretudo nos Andes e na Amazónia, onde este rácio ultrapassa os 15 mil fiéis por sacerdote. Em comparação com a Europa, onde o rácio é de 1.500 por padre, é muito. Por esta razão, a Fundação AIS está empenhada na formação de seminaristas e religiosas no Peru, bem como em programas de promoção vocacional.”
Luís Vildoso
Mas há muitos mais desafios. O Peru é um país enorme, o terceiro maior da América Latina, logo depois do Brasil e Argentina e é duas vezes e meia maior, por exemplo, do que Espanha. Além disso, tem uma geografia complexa com zonas de montanhas muito altas com mais de 6 mil metros de altura.
“A Igreja, especialmente nos Andes e na Amazónia, é a única organização presente em lugares remotos, levando a esperança do Evangelho. Por isso, na Fundação AIS, ajudamos a Igreja a ter meios de transporte, não só carros, mas também barcos, por exemplo, na Amazónia. Finalmente, há um grande êxodo dos campos para as cidades, o que tem gerado a expansão galopante das cidades. Por isso, a AIS ajuda a Igreja a estar presente também nas zonas periféricas, promovendo o cuidado pastoral e espiritual dos fiéis, ajudando na construção de capelas, igrejas e centros pastorais, bem como na formação da fé dos leigos. É uma missão ampla e desafiante, mas cheia de esperança”, reconhece o responsável de projetos da fundação pontifícia para a América Latina.
“O PAPA CONHECE BEM A NOSSA MISSÃO”
Tudo isto representa muito trabalho e também muita responsabilidade. O facto de ter havido uma ligação forte entre a missão da AIS e o homem que agora foi eleito Papa não é indiferente e Luis Vildoso diz mesmo que essa colaboração significa “uma alegria imensa e uma bênção”.
“Se pensarmos bem, é muito interessante porque se trata de uma pessoa que tem a capacidade de enfrentar os grandes desafios da Igreja universal e, ao mesmo tempo, manter o contacto com a realidade concreta e simples dos fiéis. A AIS não só colaborou com ele como bispo no Peru, mas também no seu papel de presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina. Por ocasião de um encontro, tive a oportunidade de conversar com ele por um momento, quando me apresentei como peruano. Dessa conversa, gostaria de destacar a sua proximidade e afeto não só pela Igreja do Peru, mas também pela Igreja da América Latina. Fiquei comovido com os seus gestos de gratidão pelo apoio recebido”, recorda Vildoso.
“Ele conhece bem a nossa missão e nós renovamos diante dele, como fundação pontifícia, o nosso compromisso de ser uma ponte de amor, que permita à Igreja continuar a anunciar o Evangelho, especialmente onde é perseguida e onde há carências materiais que impedem o anúncio da Boa Nova”, concluiu.
PERU, BRASIL, COLÔMBIA, CHILE E MÉXICO
Desde Abril do ano passado que a Fundação AIS está mais presente no Peru com a abertura de um escritório em Lima, a capital do país. Para Luís Vildoso este é um passo importante para se aumentar a eficácia do trabalho da fundação pontifícia, pois permite “articular melhor os nossos esforços em todo o país e ser uma ponte mais eficaz entre aqueles que ajudam e aqueles que precisam de ajuda”. “A AIS é uma ponte de amor entre católicos em todo o mundo que querem ajudar os seus irmãos e irmã sem necessidade”, diz ainda Vildoso.
Na América Latina, além do Peru, a Fundação AIS tem secretariados no Brasil, Colômbia, Chile e México. “A abertura do escritório em Lima é um sinal do empenhamento dos fiéis em ajudar a sua Igreja local e também a Igreja universal. O Peru é um país onde a Igreja recebe ajuda, mas esta ajuda começa também a ser organizada localmente. Gostaríamos de envolver mais fiéis nas necessidades da Igreja que sofre e é perseguida e, assim, apoiar mais projetos de evangelização e desenvolvimento pastoral em todo o mundo”, conclui o responsável de projetos da Fundação AIS para a América Latina.
Paulo Aido, sobre entrevista de Maria Lozano – Fundação AIS
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