O ENFEN, órgão de Meteorologia do governo do Peru dedicado ao estudo e previsão dos fenômenos El Niño e La Niña, confirmando o que a MetSul Meteorologia já projetava, emitiu nesta sexta-feira o primeiro aviso sobre a possibilidade de instalação de um episódio de El Niño Costeiro pelo aquecimento da águas nos litorais do Peru e Equador.
NASA
Em comunicado extraordinário publicado no começo da manhã desta sexta, o ENFEN alterou o status de “não ativo para El Niño ou La Niña Costeiro” para “Vigilância de El Niño Costeiro” na chamada região Niño 1+2 do Pacífico, que compreende os litorais peruano e equatoriano.
O comunicado informa que seria um “evento fraco e de curta duração” enquanto na área do Pacífico Central (região Niño 3.4) se manteriam as condições de neutralidade (sem El Niño ou La Niña na forma clássica ou canônica).
O texto acrescenta que em fevereiro o aquecimento da chamada região Niño 1+2 superou o normal com águas quentes ingressando no Norte do mar peruano e ainda uma Onda Kelvin que elevou o nível do mar, causando chuvas intensas nas regiões de Tumbes e Piura.
Conforme o comunicado, a tendência é de precipitações acima da média em março pelo aquecimento da costa nas áreas de Tumbes e Piura assim como nas regiões amazônica e andina do Peru.
O comunicado extraordinário do ENFEN observa que há 48% de probabilidade que estas condições prossigam em abril, dependendo de fatores como o Pacífico Oeste e o Anticiclone do Pacífico Sul. Observa que se projeta a chegada de uma nova Onda Kelvin quente em abril que poderia reforçar o El Niño Costeiro.
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ENFEN
O Pacífico Equatorial Leste nos litorais do Peru e do Equador passou nas últimas duas a três semanas por um aquecimento acelerado das águas superficiais, soando o sinal da possibilidade de instalação de um episódio do chamado El Niño Costeiro.
Na chamada região Niño 1+2, que mede a temperatura do mar na costa do Peru e do Equador, mas não é usada para designar se há Niña ou Niño em sua forma clássica, a anomalia informada no boletim da agência de clima dos Estados Unidos (NOAA) foi de +1,0ºC.
O que é El Niño Costeiro
El Niño Costeiro é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico ao longo da costa Oeste da América do Sul, especialmente no Peru e no Equador.
El Niño Costeiro se distingue do chamado El Niño clássico ou canônico por sua ocorrência restrita às áreas litorâneas da região mencionada, sem necessariamente impactar o restante do oceano de maneira significativa.
Oficialmente, pela NOAA, a agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos, o Pacífico Central segue sob condições de La Niña, embora para a MetSul Meteorologia seja muito difícil se falar em La Niña com aquecimento no Pacífico Leste e duas semanas seguidas de anomalias de temperatura da superfície do mar em patamar neutro no Pacífico Central.
O El Niño Costeiro influencia diretamente as condições meteorológicas da costa pacífica da América do Sul, provocando mudanças no regime de chuvas e temperaturas. O fenômeno pode levar ao aumento da umidade e precipitações intensas em algumas áreas, resultando em enchentes, deslizamentos de terra e danos à infraestrutura.
O El Niño Costeiro ocorre quando ventos fracos reduzem a ressurgência de águas frias provenientes das profundezas do oceano, permitindo que as águas quentes se acumulem na superfície. Esse aquecimento interfere nos padrões normais da circulação atmosférica, alterando o clima local e potencialmente contribuindo para eventos climáticos extremos.
Os impactos desse fenômeno podem ser amplos e prejudiciais. No Peru, por exemplo, o El Niño Costeiro tem sido historicamente associado a períodos de chuvas torrenciais e enchentes devastadoras, que afetam cidades costeiras e comunidades agrícolas. No Equador, a ocorrência do fenômeno também pode resultar em inundações e outros desastres naturais. Além disso, as mudanças nas temperaturas do mar podem afetar a biodiversidade marinha, prejudicando a pesca, uma atividade econômica essencial para essas nações.
El Niño Costeiro impacta o clima no Brasil
O aquecimento do Pacífico Leste é ainda incipiente e por ora não se pode afirmar que um episódio de El Niño Costeiro está em andamento, mas se confirmando um episódio haverá repercussões no clima do Brasil.
O El Niño Costeiro pode impactar indiretamente o Brasil. Quando há um episódio do fenômeno nos litorais do Peru e do Equador, o Norte e o Nordeste do Brasil podem ter redução das chuvas, afetando estados como Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. No Sul e Sudeste, há possibilidade de aumento da chuva, favorecendo em episódios mais extremos até enchentes e deslizamentos.
O aquecimento das águas do Pacífico Leste também pode contribuir para temperaturas mais elevadas no Brasil, intensificando ondas de calor no Centro-Oeste e Sudeste.
Embora o El Niño Costeiro não tenha um impacto direto tão forte no Brasil como o El Niño global e canônico, ele pode influenciar o clima de maneira indireta, dependendo de outros fatores atmosféricos e oceânicos. Por isso, seus efeitos são mais complexos de se antecipar que na forma tradicional do fenômeno El Niño.
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