Os pescadores artesanais apontam o acordo de pesca entre o governo são-tomense e a união europeia como a principal causa da diminuição do pescado perto da costa do arquipélago. São eles que abastecem 90 por cento do mercado nacional. Acordo prevê que a UE pague 85 euros por cada tonelada de peixe capturado na Zona Económica Exclusiva do país.
Eugénio da Silva é um dos cerca de 4 mil pescadores artesanais do São Tomé e Príncipe. Há 40 anos que se dedica a esta atividade.
“Nós temos aqui esta história de barco de pesca, que são 55 navios que estão feito acordo com o nosso país e estão com muitas jangadas aqui no alto do mar. É uma armação já montada, com muitas bóias, uma igreja, e mantém num espaço de barco que está ancorada lá. Não é uma só jangada, são várias jangadas. E com isso, nós começamos a criar limos e esses peixes pequenos ajudam. E peixes pequenos, quando ajudam, aqueles peixes maiores começam a atrair para comer esses pequenos. E esses peixes maiores já não tomam praia”.
Os pescadores apontam o dedo à técnica usada pelos navios de pesca da União Europeia, perante a redução de pescado perto da costa.
Edmilson Balfim diz que tem tido cada vez menos rendimento.
“Antes íamos com 30, 25, 20 litros de combustível e fazíamos uma boa pesca, íamos com uma taxa de rendimento. Agora, íamos com 70, 80, 90 litros de gasolina, aí passamos uns 60 minutos, íamos assim quase que não apanhamos nada”.
É o caso também de Luís da Trindade, cuja embarcação regressou à Praia Gamboa, nos arredores da cidade de São Tomé, após quase 24 horas no alto do mar.
“Esse peixe aí foi pegado muito longe, não pegou aí perto. Se virem, aqueles barcos maiores acabam com esse peixe aí”.
São Tomé e Príncipe e a União Europeia vão assinar em abril próximo um novo acordo de pesca em que os armadores europeus irão pagar ao Estado de São Tomé 85 euros por cada tonelada de peixe capturado na Zona Económica Exclusiva do país.
Óscar Medeiros – Correspondente RDP África em São Tomé e Príncipe
Crédito: Link de origem