Paraguai promove inclusão de gênero em suas Forças Armadas

As Forças Armadas do Paraguai deram um grande passo para consolidar a inclusão de gênero. Pela primeira vez, o Centro de Instrução Militar para Estudantes e Formação de Oficiais da Reserva (CIMEFOR) admitiu mulheres em seus cursos. Elas lideraram as inscrições, com uma participação de 1.045 mulheres, em um total de 1.920 candidatos (54,43 por cento). A apresentação oficial dos pelotões ocorreu em 2 de janeiro, com a entrega de uniformes pelas famílias das candidatas.

“Hoje estamos iniciando essa importante etapa, que é um marco para as Forças Armadas, é algo histórico”, disse o Coronel Angel Baruja, comandante do CIMEFOR, à Rádio Universo 970 AM do Paraguai. “O artigo 46 da Constituição Nacional declara que todos os habitantes da República do Paraguai são iguais em dignidade e direitos. A discriminação não é permitida, portanto, qualquer instrução que os homens recebam, as mulheres também receberão”, acrescentou o Cel Baruja.

O curso inclui treinamentos em educação física, educação cívica, primeiros socorros, armamento, tiro e instrução básica de combate, informou o jornal Última Hora, do Paraguai. Após a conclusão do adestramento, as estudantes se formarão com a patente de 2º Tenente ou aspirante da reserva das Forças Armadas, informou o Ministério da Defesa do Paraguai.

Maior inclusão das mulheres

“O Paraguai tem mulheres uniformizadas há várias décadas, embora elas só tenham sido incluídas nas fileiras de combate desde 2003, disse à Diálogo Juan Belikow, especialista em Defesa e professor da Universidade de Buenos Aires. “A abertura do CIMEFOR às mulheres é mais um passo nesse caminho.”

Criado em 1944, o CIMEFOR tem sido tradicionalmente uma instituição somente para homens. No entanto, em novembro de 2024, o presidente paraguaio Santiago Peña assinou a autorização para que as mulheres ingressem voluntariamente na instituição.

“As estatísticas, o desempenho das mulheres em diferentes instituições militares, como a Academil [Academia Militar Francisco Solano López], pesaram muito”, afirmou o ministro da Defesa do Paraguai, General de Exército Óscar González, em uma coletiva de imprensa. O ministro lembrou que, em três décadas, 26 por cento das mulheres estavam entre os cinco primeiros lugares de graduação na Academil. “As mulheres podem contribuir muito para a defesa do país”, afirmou o Gen Ex González ao jornal ABC do Paraguai.

De acordo com Belikow, o fato de tantas mulheres terem se inscrito como voluntárias nessa primeira convocação do CIMEFOR é previsível. “As restrições anteriores deixaram para trás muitas vontades postergadas, que agora estão aproveitando a oportunidade para ingressar. Quando a Escola do Corpo Auxiliar de Mulheres foi criada no Exército Argentino, em 1981, também houve uma avalanche de candidatas. Com o tempo, [o número de candidatas] será moderado”, disse o especialista.

Contingente para o Chipre

Uma mulher está liderando o contingente militar paraguaio que partiu para o Chipre, para uma missão de manutenção da paz. A Capitão-Tenente Francisca Pérez Salinas é a comandante do contingente de 12 soldados das Forças Armadas do Paraguai, que cumprirão sua missão sob o mandato da Organização das Nações Unidas, informou o Ministério da Defesa do Paraguai.

O Gen Ex González afirmou, na cerimônia de despedida, que a missão no Chipre será desafiadora, mas que “os militares saberão enfrentar cada desafio com o profissionalismo que caracteriza as Forças Armadas do Paraguai, relatou o site de notícias Swissinfo.

Mulheres, Paz e Segurança

A inclusão de gênero nas Forças Armadas do Paraguai reflete o forte compromisso do país com o programa Mulheres, Paz e Segurança (WPS), organizado pelo Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM). O WPS é uma política que reconhece as mulheres como um componente fundamental para alcançar a paz e a segurança internacionais sustentáveis.

A Junta Interamericana de Defesa (JID) destacou o compromisso do Paraguai com a agenda WPS, durante o 7º Simpósio Conjunto de Líderes Alistados sobre Mulheres, Paz e Segurança 2024, organizado por SOUTHCOM e pelo Comando Conjunto das Forças Armadas do Peru, em Lima, em agosto de 2024.

“Argentina, Brasil, Paraguai e México compartilharam seus conhecimentos, habilidades e competências adquiridas durante a implementação e execução de seus respectivos Planos de Ação Nacional sobre Mulheres, Paz e Segurança, com o objetivo de fornecer lições úteis aprendidas para os países que ainda estão desenvolvendo seu Plano de Ação Nacional”, afirmou a JID.