Thamirys Andrade – 01/04/2025 17h28
A diplomacia do Paraguai convocou o embaixador brasileiro no país, José Antônio Marcondes, para prestar esclarecimentos sobre o suposto uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem contra autoridades paraguaias.
Segundo investigações, a operação envolveu a invasão hacker de computadores de autoridades paraguaias para obter informações sigilosas sobre a negociação de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, tema sensível entre os dois países e que é alvo de disputa comercial há anos.
O anúncio da convocação foi feito pelo chanceler Rubén Ramírez Lezcano durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (1°). De acordo com ele, o embaixador paraguaio no Brasil, Juan Ángel Delgadillo, também foi chamado para consultas sobre o assunto.
– Convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, para que ele ofereça explicações detalhadas sobre a ação de inteligência conduzida pelo Brasil, mediante a entrega de uma nota oficial que explique detalhadamente as ações desenvolvidas no marco dessa ordem, que foi colocada em prática pelo governo do Brasil – disse Lezcano.
A chancelaria do país vizinho comunicou que as negociações sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu ficarão suspensas até que o caso seja devidamente esclarecido.
De acordo com o que as apurações indicam, a ação foi planejada ainda no governo passado, mas executada durante a atual gestão com autorização do diretor Luiz Fernando Corrêa. Ela foi realizada por meio de um software chamado Cobalt Strike, usado para invasão de dispositivos de informática, e revelada por um servidor da Abin que deu um depoimento exclusivo ao UOL detalhando o que foi dito por ele à Polícia Federal.
Após a publicação da reportagem, o governo Lula negou envolvimento e afirmou que a operação foi autorizada no governo anterior, em junho de 2022. Segundo nota oficial, a ação foi cancelada pelo diretor interino da Abin em março de 2023, quando a nova gestão tomou conhecimento dos fatos.
– O governo do presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato – diz o comunicado oficial.
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