Paraguai afirma que ação hacker brasileira ‘abre velhas feridas’

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, criticou nesta sexta-feira (04/04) a suposta espionagem realizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra seu país. Em entrevista à rádio argentina Mitre, Peña afirmou que o caso abre “velhas feridas”, fazendo referência à Guerra do Paraguai (1864–1870).

“O Paraguai tem uma história bastante dura na região, em um momento da nossa história tivemos que enfrentar uma guerra de extermínio como foi a Guerra da Tríplice Aliança […] o Brasil ficou em território paraguaio por quase uma década. Essas são feridas que estamos procurando curar, e este episódio infelizmente abre essas velhas feridas, quando o que queremos deixar para trás é essa história de ódio, de ressentimento, que vinha principalmente de fora para o Paraguai”, disse. “Infelizmente hoje percebemos que ainda há esse sentimento”, completou.

Essa foi a primeira manifestação pública de Peña sobre o caso. A declaração do presidente reforça o posicionamento do chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano, que já havia tratado o episódio como uma questão entre países, e não entre governos.



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“Nós claramente temos uma posição de país, e vemos isso com uma tremenda preocupação, porque não condiz com o tipo de relação que queremos propor. Queremos propor uma relação de amizade, de sócio, de amigos, que nos permita construir realmente um Mercosul mais forte”, disse Peña.

Santiago Peña/X
Presidente do Paraguai remete crise diplomática sobre suposta espionagem à ocupação brasileira em território paraguaio por quase uma década durante guerra

Entenda o caso

O portal UOL noticiou na última segunda-feira (31/03) que a Abin teria feito uma ação hacker contra autoridades do Paraguai envolvidas nas negociações sobre a hidrelétrica de Itaipu.

Por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o governo Lula desmentiu “categoricamente” qualquer envolvimento em ação de inteligência noticiada contra o país vizinho.

Segundo o comunicado, a operação foi autorizada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em junho de 2022 e “tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”.

Apesar do posicionamento brasileiro o governo do Paraguai decidiu suspender na terça-feira (01/04) as negociações referentes ao Anexo C do Tratado de Itaipu “até que o Brasil forneça respostas satisfatórias” sobre a suposta operação de inteligência conduzida pelo Brasil.

O Anexo C trata das bases financeiras e da prestação de serviços de eletricidade da usina, sendo fundamental para a definição das tarifas de energia entre os dois países.

Além da suspensão, o embaixador brasileiro em Assunção, José Antônio Marcondes, para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Já na última quinta-feira (03/04), o Ministério Público do Paraguai anunciou a abertura de um inquérito sobre a suposta operação de inteligência. Segundo um comunicado divulgado pelo MP, a vice-promotora encarregada da Unidade Especializada em Crimes Informáticos, Matilde Moreno, atribuiu a investigação à promotora Irma Llano, “com o objetivo de promover os procedimentos correspondentes, a fim de confirmar ou descartar fatos de relevância criminal no território paraguaio”.

(*) Com Brasil247

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