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Apesar das ameaças de deixar a base do governo, o União Brasil deve permanecer na Esplanada dos Ministérios. É o que afirma o ministro do Turismo, Celso Sabino, integrante do partido da base de apoio de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ele acredita que o Presidente da República tem de cortejar seu partido todos os dias, para “manter a chama acesa”.
Em Lisboa, onde participa da Feira de Turismo BTL, o ministro disse que, neste ano, o objetivo é de que o Brasil receba 8 milhões de turistas estrangeiros ante os 6,7 milhões de 2024, cravando novo recorde. Ele afirmou que essa meta foi adiantada em dois anos, pois tal número estava previsto no Plano Nacional de Turismo, de 8,1 milhões de viajantes em 2027.
Questionado se a mudança de posição do Governo norte-americano em relação ao meio ambiente depois da posse de Donald Trump na Presidência daquele país poderia esvaziar a COP30, que acontecerá em Belém do Pará em novembro deste ano, Sabino manifestou sua crença de que o evento será um sucesso.
Ele ainda negou a imagem de criminalidade que é atribuída ao Brasil, dizendo que os casos de violência são pontuais e que muitas localidades do Brasil têm índices de criminalidade mais baixos do que algumas cidades na Europa. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista de Sabino ao PÚBLICO Brasil.
Como o senhor vê a participação do Brasil na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL)?
É uma oportunidade imperdível para o público português e espanhol conhecer um pouco mais da experiência de fazer turismo no Brasil. Nós trouxemos para cá não só imagens, vídeos e sabores. Trouxemos, também, um pouco da nossa hospitalidade, um pouco do carinho do povo brasileiro. O Brasil é um continente por si só, onde, em diversas regiões, temos gastronomias diferentes e até sotaques diferentes. E, hoje, o país tem uma grande infraestrutura, com aeroportos de excelente qualidade, várias opções de rotas aéreas para turistas conhecer todas as regiões brasileiras.
O Brasil recebeu, no ano passado, 6,77 milhões de turistas. Qual o objetivo para este ano?
Chegar próximo aos 8 milhões de turistas.
Portugal, que é do tamanho de Pernambuco, teve quase 30 milhões de turistas no ano passado. O Brasil, que tem 90 vezes esse tamanho, vai ter 8 milhões. O que está faltando no Brasil?
Segundo os dados acadêmicos e científicos divulgados pela Organização Mundial do Turismo, o turista médio viaja até um raio de 500 quilômetros de onde reside. A tendência de atrativos turísticos vizinhos ou muito próximos de grandes mercados consumidores faz com que eles sejam muito demandados. O México, por exemplo, recebe de 40 milhões a 50 milhões de turistas por ano porque tem uma imensa fronteira com os Estados Unidos, que é o maior mercado do planeta. A Tailândia fica entre a Índia e a China, os dois países com maiores populações do planeta. Portugal tem vizinhos europeus, que, além de grande população, também têm poder aquisitivo e um PIB per capita bastante elevado. Isso, sem desmerecer o trabalho que é feito pela equipe de turismo de Portugal. Nós estamos investindo, no Brasil, na melhoria da nossa promoção, na qualificação e na eficácia da promoção dos nossos principais destinos turísticos, ampliando as rotas aéreas, melhorando a frequência dos voos para diversas regiões do país e investindo nos nossos mercados vizinhos mais próximos até com base nos dados científicos e acadêmicos. Estamos investindo nos turistas chilenos, argentinos, venezuelanos, bolivianos, peruanos.
Espera-se que a COP30 leve muitos turistas para o Brasil. Mas o Governo dos Estados Unidos está recuando em todas as metas ambientais. Isso deve afetar o número de viajantes?
Eu vejo que o esforço que a agência da ONU para combater as mudanças climáticas e preservar o meio ambiente tem feito para realização da COP30 em Belém do pará neste ano, o que vai se refletir no resultado dessa conferência. Nós, no Brasil, apostamos que essa será a melhor COP que já aconteceu até hoje. Principalmente, pela oportunidade de as lideranças discutirem sobre meio ambiente e de falar sobre a preservação das florestas e dos rios na porta de entrada do maior bioma do planeta. A Amazônia é o local que reúne o maior número de espécies vegetais e animais em todo o planeta. As pessoas terão oportunidade de ver o que é uma floresta tropical e saber como o povo vive nessas regiões.
Muitas vezes, quando se fala de turismo no Brasil, vem a imagem da falta de segurança, de criminalidade, dee que os turistas vão ser assaltados. Como enfrentar isso?
Melhorando nossa a promoção, mostrando o Brasil real, mostrando o cotidiano do povo brasileiro, que vive em um clima de paz social, de harmonia, de estabilidade econômica, de estabilidade política e, sobretudo, de muita alegria. Existem episódios de violência em algumas cidades do Brasil, mas são coisas absolutamente pontuais, e o Governo tem enfrentado por meio de uma política muito bem-sucedida de distribuição de renda, de eliminação da pobreza no nosso país, de redução da distância entre as classes sociais, com programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, de atribuição de habitações populares para quem não possui residência, como o Minha Casa, Minha Vida, de desenvolvimento tecnológico, científico, de formação acadêmica, de programas que estimulam a entrada dos jovens nas universidades, como o Pé-de-Meia. Esses programas têm nos ajudado não só a mudar o cenário social do país, mas, sobretudo, reduzir drasticamente a violência. Hoje, no Brasil, há cidades do estado da Paraíba, por exemplo, com indicadores de segurança pública melhores do que os de cidades da Europa. Nós temos regiões no país, como Maragogi, em Alagoas, que combinam belezas naturais com infraestrutura aeroportuária, com segurança, com hotéis de altíssima qualidade. Nós temos regiões no Brasil que têm a oferecer experiências ao público europeu que, sem dúvida, nenhum outro lugar do planeta tem, e isso com toda a segurança.
A vitória no Oscar do filme Ainda Estou Aqui vai trazer mais turistas estrangeiros para o Brasil?
Acho que os filmes, de uma forma geral, assim como as séries de TV, ajudam muito também no turismo. Então, o fato de nós termos a premiação do filme Ainda Estou Aqui pelo Oscar vai ajudar bastante para que o Brasil seja ainda mais visto e ainda mais visitado.
O seu partido, a União Brasil, ameaça sair da base do governo. O senhor vai permanecer no governo ou sair?
O partido União Brasil trabalha pelo desenvolvimento do país, apoia todas as ações do Governo que são voltadas para a melhoria do cenário econômico, para a melhoria do ambiente de negócios no Brasil, para a eliminação da pobreza, para a redução da distância entre as classes sociais. O nosso partido faz parte do Governo, com a indicação de três ministérios, das Comunicação, do Turismo e do Desenvolvimento Regional, e a gente tem apoiado o Governo também no Congresso Nacional. O partido tem 60 deputados e, nas votações de interesse do governo, a gente oscila entre 40 e 50 votos, o que é, numericamente, uma votação superior a que outros partidos da base dão ao Governo. Mas é uma discussão constante desde o primeiro dia do Governo. É um namoro contínuo. Todo marido que quer bem a sua esposa e a esposa que quer bem o seu marido, que quer manter a chama acesa, a paixão calorosa e o amor sempre vivo, o marido tem de todo dia conquistar novamente a esposa, e esposa, o marido. Eu, pelo menos, faço isso no meu casamento com a minha mulher. Para mim, todo dia é Dia dos Namorados lá em casa.
Vai permanecer, então?
(Assentimento que sim com a cabeça.)
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