Falta água na maior planície inundável do mundo. A estação chuvosa não foi suficiente para livrar o Pantanal da seca. E, mal começou, 2025 já tem o lugar assegurado entre os anos de seca severa, junto com 2021 e 2024, quando o Rio Paraguai atingiu o mais baixo nível dos registros históricos.
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O cenário mais provável, segundo o boletim deste mês do Serviço Geológico do Brasil (SGB), é que 2025 terá chuvas e nível dos rios da Bacia do Paraguai, que abarca a planície pantaneira, como os de 2020. Naquele ano a seca facilitou a ocorrência dos mais devastadores incêndios da história do bioma e se multiplicaram as cenas de onças e outros animais carbonizados.
No Brasil, nenhum outro rio sozinho é tão fundamental para a existência um bioma e está em situação tão crítica há tanto tempo. O Rio Paraguai e seus afluentes estão em situação ruim desde o segundo semestre de 2019.
O SGB informa que a Bacia do Rio Paraguai tem registrado chuvas abaixo da média ao longo de toda a estação chuvosa. Até fevereiro, o déficit acumulado foi de 135 mm. E as chuvas acumuladas até dia 12 de março estão próximas aos valores observados entre outubro de 2019 e março de 2020, período que antecedeu uma severa seca.
Início de estação seca tem alta de 1000% em fogo no Pantanal
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Incêndio já destruiu mais de 1,5 mil hectares de vegetação nativa da Serra do Amolar, local considerado um santuário de biodiversidade no Pantanal. Por ser uma das regiões mais preservadas do Pantanal, brigadistas demoram cerca de 5 horas para acessar local das chamas. — Foto: Corpo de Bombeiros MS
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Incêndios castigam o Pantanal — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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Incêndios castigam o Pantanal — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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Queimadas no Pantanal avançaram cerca de 1000% no período que antecede o auge da temporada do fogo — Foto: Divulgação/Governo do MS
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Foto divulgada pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul mostra bombeiros fiscalizando uma área queimada por um incêndio florestal no Bioma Pantanal, Região Abobral, localizado na cidade de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul — Foto: Handout / MATO GROSSO FIREFIGHTERS DEPARTMENT / AFP
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Combate a incêndio na região do Paraguai-mirim, fica há cerca de 2h30 por embarcação rio Paraguai acima, saindo de Corumbá (MS) — Foto: Brigada Alto Pantanal/IHP/09-06-2024
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Operação no Pantanal – Combate aéreo a incêndios no Pantanal — Foto: Bruno Rezende / Governo de MS
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Foto divulgada pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul mostra bombeiros fiscalizando uma área queimada por um incêndio florestal no Bioma Pantanal, Região Abobral, localizado na cidade de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul — Foto: Handout / MATO GROSSO FIREFIGHTERS DEPARTMENT / AFP
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Combate a incêndio na região do Paraguai-mirim, fica há cerca de 2h30 por embarcação rio Paraguai acima, saindo de Corumbá (MS) — Foto: Brigada Alto Pantanal / IHP
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Incêndio já destruiu mais de 1,5 mil hectares de vegetação nativa da Serra do Amolar, local considerado um santuário de biodiversidade no Pantanal. Por ser uma das regiões mais preservadas do Pantanal, brigadistas demoram cerca de 5 horas para acessar local das chamas. — Foto: Corpo de Bombeiros MS
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Operação Pantanal – Combate terrestre a incêndios no Pantanal — Foto: Bruno Rezende / Governo de MS
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Marinha do Brasil apoia ações de combate a incêndios florestais no Pantanal – Patrulhas navais auxiliam a identificar focos de queimadas. Lancha de Operações Ribeirinhas foi utilizada no transporte de brigadistas — Foto: Marinha do Brasil
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Brigada Alto Pantanal atua para reduzir incêndio na frente de escola Jatobazinho do Paraguai-Mirim. — Foto: IHP (Instituto Homem Pantaneiro)
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Brigada Alto Pantanal atua para reduzir incêndio em Paraguai-Mirim — Foto: IHP (Instituto Homem Pantaneiro)
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Combate a incêndio na região do Paraguai-mirim, fica há cerca de 2h30 por embarcação rio Paraguai acima, saindo de Corumbá (MS) — Foto: Brigada Alto Pantanal / IHP
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Combate a incêndio na região do Paraguai-mirim, fica há cerca de 2h30 por embarcação rio Paraguai acima, saindo de Corumbá (MS) — Foto: Brigada Alto Pantanal / IHP
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Incêndio já destruiu mais de 1,5 mil hectares de vegetação nativa da Serra do Amolar, local considerado um santuário de biodiversidade no Pantanal. Por ser uma das regiões mais preservadas do Pantanal, brigadistas demoram cerca de 5 horas para acessar local das chamas. — Foto: Corpo de Bombeiros MS
Incêndio já destruiu mais de 1,5 mil hectares de vegetação nativa da Serra do Amolar, local considerado um santuário de biodiversidade no Pantanal.
Incêndios florestais e seca hidrológica (caracterizada pelo nível baixo dos rios) são desastres independentes, mas relacionados. Do ponto de vista hidrológico, isto é, da chuva e seu impacto nos rios, 2020 não foi tão severo quanto 2024, mas teve os piores incêndios. Os anos de 2021 e 2024 foram piores para os rios.
E 2024 foi muito ruim, o pior em termos hidrológicos, e também muito grave nos incêndios de vegetação. Mas esses três anos entraram na classificação de secas hidrológicas severas.
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— Nesse momento não podemos dizer se será como 2020 ou como 2024. Mas o que já está claro é que 2025 vai se juntar ao grupo de anos de secas severas — afirma o pesquisador do SGB, Marcus Suassuna.
No cenário mais ameno projetado pelo SGB, de abril até o fim do ano o Rio Paraguai, que dá vida ao Pantanal, não alcançaria níveis negativos no segundo semestre.
Já no cenário mais grave, o nível do rio pode atingir a cota de 1,50 m já em julho, alcançar cotas negativas em setembro e se aproximar dos níveis mais críticos observados em 2020.
Menor quantidade de chuvas em 40 anos
A pesquisadora de secas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden) Ana Paula Cunha frisa que o Pantanal teve em fevereiro recordes de déficit de chuva em relação aos últimos 40 anos. A chuva ficou 40% abaixo da média.
— O que já seria ruim se fosse um evento isolado, se torna dramático se levando em conta que a seca persiste em diferentes níveis desde 2019. Isso se reflete na vegetação e no aumento do risco de incêndio. O Pantanal sofreu os piores incêndios de sua história em 2020 e 2024. Este ano o risco de fogo permanece alto, sobretudo, no Mato Grosso do Sul — destaca Cunha.
É uma situação extremamente crítica. O Rio Paraguai permaneceu abaixo da cota por todo 2024. Este ano não tem sido diferente. Em Ladário e Porto Murtinho, duas de suas principais estações de medição, ambas no Mato Grosso do Sul, o rio ficou entre um metro e um metro e meio abaixo da cota, isso em plena estação chuvosa.
O grau excepcional de seca – o mais alto – iniciado em fevereiro 2024 persiste na Bacia do Rio Paraguai, a despeito da estação chuvosa deste ano. As chuvas não foram suficientes.
É altíssima a probabilidade de vazões muito abaixo da média histórica este ano, diz Elisângela Broedel, do Grupo de Pesquisa de Hidrologia do Cemaden. A escassez de chuva se reflete nas bacias tanto na vazão dos rios quanto na reposição do lençol freático.
Os dados foram apresentados por Broedel na reunião mensal de Avaliação e Previsão de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, organizada pelo Cemaden.
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