Paiva vê déficit no desenvolvimento de jogadores para clubes da América do Sul se aproximarem da Europa: ‘Aqui joga-se demais e treina-se de menos’

Técnico do Botafogo, Renato Paiva fez uma extensa e interessante reflexão ao ser questionado sobre como reduzir a diferença dos clubes da América do Sul para os da Europa. O Glorioso viverá essa experiência no Super Mundial de Clubes, daqui a duas semanas, quando enfrentará PSG (atual campeão da Liga dos Campeões) e Atlético de Madrid.

Renato Paiva disse que não vê muita diferença no trabalho que é feito aqui no que é realizado na Europa. Para ele, o principal ponto está no excesso de jogos, o que acaba comprometendo o desenvolvimento dos jogadores.

– O que encontrei no Bahia e o que eu encontro aqui no Botafogo não vejo diferença absolutamente nenhuma de como se trabalha na Europa. As instalações são de alto nível. O que se faz aqui em questões de pré-treino, pós-treino, treino, é exatamente aquilo que se faz na Europa. Se calhar, o que temos que pensar todos é em melhorar o desenvolvimento individual dos jogadores. Porque muita gente diz: “Ah, tu falaste que não se treina, que o jogador brasileiro não treina, mas o Palmeiras está em primeiro.” Eu não falei em coletivos, eu falei no desenvolvimento do jogador individualmente. O jogador, para mim, desenvolve no treino. Quanto mais treinar, quanto mais repetir, quanto mais errar, quanto mais for corrigido, melhor jogador vai ser – afirmou Paiva.

– Eu acho que se podia investir muito aqui. O Brasil é, para mim, o maior e o melhor país que gera jogadores de futebol, mas acho que é um pouco deficitário naquilo que é o desenvolvimento individual desses jogadores. Ainda mais em relação aos jogadores jovens. Joga-se demais e treina-se de menos. E por aí nós temos que dar um passo se queremos competir com a Europa. Agora vamos jogar aqueles que passam a vida aqui jogando e treinam pouco, contra aqueles que treinam mais e jogam menos. “Ah, mas na Europa também se joga domingo, quarta e domingo.” Joga, mas não é todos os domingos e todas as quartas seguidas. Nós fizemos 18 jogos em dois ou três meses. 18 jogos são seis meses, metade do Campeonato Português. Eles também jogam quarta, mas também têm semanas limpas em que trabalham e treinam e se desenvolvem. Para mim, este é o grande passo e é o grande diferencial. E acho que isso pode fazer a diferença no Mundial de Clubes – completou.

Renato Paiva também lembrou da parte financeira e do objetivo de 10 entre 10 jogadores de atuar no futebol europeu, e citou a necessidade de mudar alguns hábitos entre os atletas do nosso continente.

– Quando chegamos ao Del Valle, quisemos profissionalizar mais aquilo que é uma equipe que eu considero de elite, de primeira divisão. E o que começamos a fazer foram coisas tão simples como controlar a alimentação, pesar o jogador quando ele chegasse, e isso foi um problema. Só que convencemos os jogadores que o peso era um problema para o rendimento deles, que era uma pré-lesão, uma possibilidade de pré-lesão, e fomos convencendo os jogadores, em vez de ser autoritário, ditador, explicámos porque que era assim, porque que era importante comer bem, não ter peso a mais e por aí fora. Acho que tem a ver um bocadinho com os hábitos – frisou.

– Eu vejo uma Libertadores complicadíssima, eu vejo equipes trabalhando cada vez melhor. Quer no Bahia, que também tem a intervenção do Grupo City, quer aqui no Botafogo, não vejo diferença nenhuma do dia-a-dia em questões de profissionalismo. E depois, se tu reparares, onde é que as grandes equipes da Europa vão contratar? Normalmente é na América do Sul, é na Colômbia, Brasil, Argentina, Uruguai… A grande parte vem aqui, ou seja, significa que o talento está aqui – concluiu.

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