Há umas semanas, o Golden Lion jogava numa prova do Caribe frente ao Robinhood. Neste sábado, esteve a ser futebolisticamente destruído pelo Lille, na Taça de França, com um 12-0 duro, mas, em certa medida, reconfortante – o conforto de quem sente que foi levado a sério.
Como competição doméstica do mais democrático que existe no mundo, esta é uma prova fértil em boas histórias. As equipas dos territórios ultramarinos gauleses têm direito a entrar na fase inicial da prova e o Golden Lion, de Martinica, pôde ir a Lille.
Depois de deixarem o quentinho da ilha de Saint Joseph, em Martinica, os rapazes do Golden Lion, totalmente amadores, foram jogar com temperaturas próximas de zero, no Norte gaulês. Com uma mudança térmica de quase 30 graus, eles fizeram o que puderam. E não puderam muito.
O que se passou não foi bonito, com um enxovalho de 12-0 a uma equipa que viajou sete mil quilómetros sem muito para oferecer: é uma equipa amadora, de predicados futebolísticos curtos e sem dinheiro sequer para pagar a viagem, assegurada pela Federação Francesa de Futebol. Em poucas palavras, o Golden Lion foi a Lille com nada e saiu com uma dúzia.
É certo que para o Lille se tratou de um treino competitivo – e haverá treinos mais duros do que este na semana de trabalho de Paulo Fonseca –, mas, para o Golden Lion, foi uma aventura de uma vida, com direito a guarda de honra no final.
E, apesar dos 12 golos sofridos, ai de quem ouse culpar o guarda-redes Meslien – é que o Golden Lion não fez um único remate à baliza do Lille.
Apesar desta autêntica destruição ao sonho dos caribenhos, eles encontraram motivos para sorrir, mantendo a boa disposição antes, durante e depois do jogo. Afinal, como os próprios jogadores já tinham dito, esta tarde era mais para desfrutar do que para competir.
Paulo Fonseca já tinha prometido levar este jogo a sério e apresentou um “onze” forte – algo que justificou até o apreço do treinador adversário, agradecido por o português ter tratado o Golden Lion com respeito. E garantiu que foi uma tarde divertida para os seus jogadores.
É certo que não é difícil acreditar que a equipa de Martinica sai mais satisfeita com um 12-0 de uma equipa a dar o seu melhor do que ter sofrido apenas cinco ou seis de um adversário “a brincar” com os pobres caribenhos. Mas daí a entrarem, jogarem e saírem com sorrisos ainda poderia ir uma distância. Distância que o treinador reduziu, depois do jogo, a uma ideia simples: “ganhámos pela derrota”.
Em rigor, a frase tem algum nexo. O Lille ganhou o jogo de futebol, é certo, bem como a passagem à fase seguinte da prova. Mas não ganhou nada mais. O Golden Lion cumpriu o sonho de uma vida, ganhou experiência, ganhou uma viagem gratuita a França, ganhou uma tarde de fama, ganhou uma guarda de honra e ganhou o respeito de quem os viu sorrir. No fim de contas, quem ganhou mais?
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